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Acho difícil fechar acordo, diz ministro Blairo Maggi sobre tratado com Europa

24 de Janeiro de 2018

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Depois de meses de entusiasmo com um eventual acordo entre Mercosul e União Europeia, o governo brasileiro já admite que um entendimento de livre comércio com o bloco europeu está “difícil” de ser concluído.

Em entrevista ao Estado, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, revelou que esteve em Bruxelas nos últimos dias e notou que a resistência por um acordo entre parte dos europeus é elevada.

“Acho difícil fechar esse acordo”, admitiu o ministro, que nesta semana estará em Davos para apresentar as inovações na agricultura brasileira. “Pelas conversas que tivemos, as propostas que estarão sobre a mesa não representarão passos significativos”, disse. “Parece que eles vão apresentar por obrigação”, afirmou.

O entendimento entre Mercosul e Europa era de que, depois de uma oferta dos sul-americanos em dezembro, era o momento de Bruxelas avaliar como poderia fazer uma nova oferta que pudesse atender aos interesses comerciais dos exportadores brasileiros e argentinos. Isso, na prática, significaria uma maior abertura no setor de carnes e de açúcar.

“O Mercosul entregou tudo”, disse o ministro. “Custou caro para nós entregar”, insistiu, em referência a concessões que foram feitas em determinadas áreas comerciais. “Sinceramente, não temos mais nada a entregar. São eles que precisam agir”, completou.

Negociado desde 1999, o entendimento esteve perto de uma conclusão em 2004. Mas o Mercosul considerou na época que a oferta dos europeus era insuficiente. O processo ficou congelado por anos e, em 2016, voltou a ser negociado. O objetivo do governo de Michel Temer era de anunciar o tratado em dezembro do ano passado. Mas, com uma oferta de abertura dos europeus uma vez mais insuficiente, o processo foi bloqueado.

Na semana que vem, em Bruxelas, as duas delegações voltam a se reunir, na esperança de obter algum tipo de avanço. Mas Blairo Maggi estima que o momento de um acordo não chegou para os europeus

Nos bastidores, governos como o da França, Irlanda e outros com interesses protecionistas tem alertado que não estão dispostos a fazer concessões e chegaram a questionar os negociadores brasileiros sobre quem se beneficiaria politicamente de um acordo com a UE hoje no Brasil.

Fonte: O Estado de São Paulo – 23/01/2018

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