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Acordo de Paris: se os EUA saírem, quem assume?

06 de Novembro de 2020

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Em meio à caótica contagem de votos da corrida presidencial dos EUA, o país abandonou formalmente o Acordo do Clima de Paris, uma promessa antiga do candidato à reeleição, Donald Trump.

Seu oponente Joe Biden, no entanto, promete reintegrar o país -- segundo maior emissor global -- ao acordo em caso de vitória nas urnas.

Responsável por cerca de 12,8% das emissões globais de gases de efeito estufa, os EUA são estratégicos no esforço internacional para frear o aquecimento do planeta.

Biden promete muito mais: tem um plano de 1,7 trilhão para a maior economia do mundo alcançar a marca de zero emissões de carbono em 2050.

Por outro lado, o presidente republicano Donald Trump, que enfraqueceu várias proteções ambientais durante sua gestão, defende energicamente a indústria dos combustíveis fósseis e questiona se as mudanças climáticas são causadas por ação humana, conclusão majoritária da comunidade científica.

"Os EUA têm orgulho de seu histórico como líder mundial na redução de todas as emissões, promoção da resiliência, crescimento da economia e garantia de energia para nossos cidadãos. Nosso modelo é realista e pragmático", afirmou o secretário de Estado, Mike Pompeu, nesta quarta (4).

A redução de emissões nos setores de energia e transportes é um ponto fundamental para que os EUA consigam descarbonizar sua economia. Juntos, esses setores representam quase dois terços das emissões norte-americanas.

No caso da reeleição de Trump, estados, cidades e empresas terão que liderar as iniciativas de baixo carbono.

Uma ação desses grupos possibilitaria a redução das emissões em 37% até 2030 no país, segundo um relatório do grupo America?´s Pledge, organização que propôs um modelo descentralizado -- na ausência de um direcionamento do governo central americano -- para aproximar o país às metas do Acordo de Paris.

Em caso de vitória de Biden, será preciso notificar oficialmente a ONU sobre a vontade de retornar ao Acordo de Paris. A apuração nesta quinta (5) pode confirmar a vitória do democrata, mas a contagem completa dos votos vai se extender, pelo menos, até a próxima semana -- enquanto Trump move ações judiciais em todos os estados em que foi derrotado.

China e UE querem assumir liderança nas discussões. Mais da metade das emissões globais de carbono são geradas por EUA, China e União Europeia. Não à toa, eles têm protagonizado o debate internacional sobre clima.

Com a saída dos EUA do acordo, os governos da China e da União Europeia estão se organizando para tentar ocupar a liderança nas discussões sobre o tema.
Os anúncios recentes de Xi Jinping sobre a meta de neutralizar as emissões de carbono do país até 2060, e as intensas negociações da UE para redefinir um corte mais ambicioso nas emissões para o bloco em 2030 apontam para uma nova aliança geopolítica com objetivo de manter a ação contra a mudança do clima em pé, mesmo sem o governo norte-americano.

 

Fonte: Epbr – 05/11

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