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Açúcar de Minas dribla crise nas exportações e terá recorde

22 de Maio de 2020

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Nem só de más notícias vive a indústria de Minas Gerais, numa semana dramática em que o Brasil chegou a perder mais de 1 mil vidas num único dia devido ao avanço da COVID-19 e continua sem ministro da Saúde. Na economia, as exportações do estado mostraram o baque provocado pela crise de preços e demanda no mercado internacional, de janeiro a abril, mas o surpreendente desempenho positivo dos embarques de açúcar e soja indicou algum caminho de prosperidade.

Enquanto as vendas de Minas no mercado internacional despencaram 10%, ao somar US$ 7,193 bilhões no primeiro quadrimestre do ano, frente aos mesmos meses do ano passado, o açúcar subiu ao estrelato, exibindo aumento de 45,6% na receita faturada, que foi de US$ 165 milhões. Com o fôlego excepcional, desbancou o café e o minério de ferro, embora esses produtos tenham a liderança no comércio do estado com o exterior. O faturamento das exportações de ferro caiu quase 10% e as do café torrado encolheram 3,99%.

A despeito dos impactos da pandemia do novo coronavírus, a indústria mineira do açúcar terá, este ano, os maiores volumes de produção e das exportações alcançados na história do setor. Mário Campos, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), conta que o setor deve entregar 4,3 milhões de toneladas de açúcar em 2020.

Uma vez cumprida, a meta vai significar 1 milhão de toneladas além do que foi produzido no ano passado. Do ponto de vista da receita, o câmbio é que deverá definir o ponto; entretanto a expectativa é superior aos US$ 650 milhões faturados em 2019. O melhor resultado, por enquanto, foi de US$ 1,3 bilhão em 2017.

Dois terços da produção devem ser destinados ao mercado externo, na forma de açúcar bruto e refinado. “O mundo virou do superávit para produção inferior ao consumo. Nessa hora, houve a sinalização para o Brasil produzir mais”, diz o presidente da Siamig. A Conab prevê crescimento de 18,5% da produção brasileira na safra 2020/21. De janeiro a abril, os principais compradores foram China, Egito e Indonésia.

Não há dúvida de que a valorização do dólar sobre o real e a quebra da oferta dos concorrentes Índia e Tailândia, em razão da seca, e União Europeia, em decorrência da turbulência na economia, ajudaram a impulsionar as vendas externas de Minas e do país. O Brasil também ganhou competitividade devido aos custos menores. Contudo, isso não diminui o trabalho das usinas nacionais no fechamento de contratos antecipados de venda para boa parte da produção e a resposta dada pela flexibilidade que as empresas têm de redirecionar a produção, como afirma Mário Campos.

Das 36 usinas em atividade no estado, 22 produzem açúcar e álcool, três só produzem açúcar e 11 só álcool. Menos impactado pelos efeitos do novo coronavírus na economia, este ano do açúcar traz alento para que o setor sucroenergético compense o forte tombo das vendas de combustíveis, em razão do isolamento social.

O consumo chegou a cair 70% em abril, recuo que afetou os preços diante dos estoques acumulados pela Petrobras. No fim de abril, o litro da gasolina foi encontrado em Belo Horizonte a menos de R$ 4. Os preços voltaram a se recuperar este mês no exterior e a Petrobras já fixou três reajustes.

A oferta do açúcar encontra ainda destino firme no mercado interno, atendendo à robusta indústria de alimentos em Minas e que mantém demanda, a despeito do impacto da COVID-19. “O nosso grande cuidado agora é para não haver gargalo na logística da distribuição”, destaca o presidente da Siamig. O produto usa os mesmos meios de escoamento da soja.

 

Fonte: Coluna Minas Em Foco – Jornalista Marta Vieira - O Estado de Minas 22/05



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