21 de Dezembro de 2016
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Que a próxima safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil será menor que a atual e que o etanol será o produto que mais vai perder espaço nas usinas são afirmações quase consensuais entre analistas e executivos do setor. O que não é consenso, porém, é se a produção de açúcar nas indústrias vai perder com a menor quantidade de matéria-prima agrícola ou se seu crescimento está garantido com um "mix" menos alcooleiro.
De seis projeções feitas por consultorias e bancos nos últimos dois meses e compiladas pelo Valor, quatro apontam para um aumento da produção de açúcar mesmo com redução da colheita e da moagem de cana na safra 2017/18. O que deve sustentar esse avanço é a valorização dos preços internacionais da commodity, ainda que recentemente tenha havido recuo. De janeiro deste ano até ontem, os preços do na bolsa de Nova York subiram 21,05%.
As outras duas consultorias avaliam que essa produção sofrerá uma queda em relação à temporada atual, embora em uma proporção menor que a diminuição da produção de etanol.
O cenário mais açucareiro apresentado até o momento é o da Datagro. A consultoria divulgou duas projeções, uma mais otimista e outra mais pessimista. Em seu melhor cenário, as usinas do Centro-Sul produzirão 36,4 milhões de toneladas de açúcar, e no pior, 36,1 milhões de toneladas. Tomando como referência a produção de 34,1 milhões de toneladas nesta temporada, as estimativas indicam que a produção deve crescer no mínimo 5,9% e no máximo, 6,7%.
Quando divulgou as projeções, em outubro, Plinio Nastari, presidente da Datagro, ressaltou que os investimentos realizados neste ano para aumentar o potencial de direcionamento do caldo de cana para a produção de açúcar nas usinas permitirão esse aumento de produção. Em sua avaliação, os aportes feitos devem aumentar a capacidade de oferta da região em dois milhões de toneladas.
Também estão apostando em aumento da produção de açúcar na próxima safra a consultoria FCStone e o banco Pine. Ambos projetam uma produção de 35,7 milhões de toneladas, o que representaria um aumento de 1,4% para a consultoria e de 0,9% para a instituição financeira.
Segundo a FCStone, esse avanço deverá ser garantido pela destinação de uma parcela do caldo de cana para a produção de açúcar ainda maior que o da safra atual. Ou seja, a safra 2017/18 deverá ser uma safra ainda mais "açucareira".
Essa avaliação é compartilhada pelo banco Pine, para quem os pequenos investimentos feitos neste ano nas fábricas de açúcar permitirão uma migração maior do caldo para a produção do adoçante. Em seus cálculos, já nesta safra houve utilização máxima da capacidade de cristalização de açúcar nas usinas do Centro-Sul, de 203 mil toneladas por dia, e os novos aportes elevarão essa capacidade na próxima safra para 208 mil toneladas diárias.
O banco aposta, ainda, em aumento do rendimento industrial da cana e avalia que a quantidade de açúcares totais recuperáveis (ATR) deve subir 1,3%, para 135 quilos por tonelada de cana.
Do lado dos pessimistas estão a trading francesa Sucden e a consultoria S&P Global Platts. Também são de ambas as piores projeções para a safra de cana, abaixo de 590 milhões de toneladas. Essa linha de estimativa considera que a falta de investimentos em renovação dos canaviais neste ano, resultado da prioridade que as usinas deram para o saneamento de sua situação financeira, cobrará um preço alto nos resultados operacionais da próxima temporada.
(Fonte: Valor Econômico - 21/12)
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