09 de Janeiro de 2018
Notícias
Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, após duas temporadas consecutivas com déficit no balanço entre produção e consumo mundial de açúcar, as projeções para a atual safra global 2017/18 indicam mudança neste cenário. O aumento da produção na Índia, Tailândia e União Europeia vem fortalecendo expectativas de superávit para a próxima safra. A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima que o superávit supere as 4 milhões de toneladas, enquanto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as 10 milhões de toneladas.
No Brasil, a situação é um pouco diferente. As previsões para a safra 2018/19 do Centro-Sul, maior região produtora, apontam para uma estagnação na produção. Existe um consenso entre os analistas quanto aos motivos da esperada desaceleração no crescimento da cana produzida. Argumenta-se que a crise financeira em algumas unidades produtoras ocasionou uma baixa renovação dos canaviais, bem como a diminuição dos tratos culturais, visando reduzir os custos; isto deve resultar também na queda na produtividade da cana-de-açúcar. No geral, as previsões de produção para a safra 2018/19 têm apresentado pouca variação entre os analistas, girando em torno de 580 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Em relação ao mix de produção, a temporada 2018/19 deverá ser mais alcooleira, uma vez que se espera que a competitividade do etanol em relação à gasolina continue favorável ao primeiro. A tendência altista dos preços nos mercados de energia, incluindo o petróleo, deve dar suporte aos preços de açúcar. A decisão da Opep em prorrogar o corte de produção para novembro/18 deve manter os preços da gasolina altos no mercado brasileiro em 2018. Com isso, deve aumentar a produção do biocombustível em detrimento do açúcar, contribuindo para impulsionar os preços do açúcar nos mercados doméstico e internacional.
Segundo pesquisa feita pela Reuters junto a analistas do mercado, a média das estimativas para produção de açúcar no Centro-Sul para a safra 2018/19 deve ser de aproximadamente 33 milhões de toneladas, o que seria 6,3% menor do que vem sendo estimado para a safra atual.
Internacional
De acordo com o USDA, a Índia deve produzir 27,73 milhões de toneladas de açúcar na safra 2017/18, alta de 25% em relação à temporada anterior 2016/17. A União Europeia, com a eliminação do sistema de quotas na safra 2017/18, deve produzir 20,1 milhões de toneladas de açúcar, aumento de 21,8% em relação à anterior. A produção na Tailândia (segundo maior exportador de açúcar do mundo) deve somar 11,2 milhões de toneladas, alta de 12%.
Já a China, principal importadora de açúcar desde a safra 2011/12, poderá ceder o lugar para a Indonésia em 2018. Isso é resultado da medida de salvaguarda sobre as importações de açúcar dos principais exportadores, como o Brasil, Tailândia, Austrália e Coréia do Sul. A medida resulta no aumento da tarifa de importação de 50% para 95% para volumes que excederem o contingente de 1,945 milhão de toneladas do adoçante.
Nordeste
Para a safra 2017/18 nordestina, iniciada oficialmente em setembro/17, espera-se recuperação na produtividade, mesmo tendo sido prejudicada pelo déficit hídrico na temporada anterior 2016/17. Segundo a Conab, a área cultivada no Nordeste deve ser 3% menor que a anterior, com produção de 43,43 milhões de toneladas de cana-de açúcar, 4,8% superior à safra passada. Ainda segundo a Conab, o baixo desenvolvimento vegetativo da lavoura deve implicar em redução de produção de cana em Alagoas e Pernambuco; já para a Paraíba, a perspectiva é de aumento, de 27,3%.
Com relação ao açúcar, estima-se que a região será responsável por 7,5% do total produzido no Brasil. O comportamento da produção segue o da cana, com redução no volume nos estados de Alagoas e Pernambuco e aumento na Paraíba. O volume de cana direcionado à produção de açúcar nos estados de Alagoas e Pernambuco também apresentou redução frente à safra anterior.
A Conab estima que a produção de açúcar seja de 2,969 milhões de toneladas no Nordeste, enquanto a Czarnikow indica volume um pouco inferior, de 2,7 milhões de toneladas, o que seria o menor desde 2015/16.
Fonte: Cepea – 08/01/2018
Veja também
24 de Abril de 2024
Evento do MBCB destaca potencial da descarbonização da matriz energética brasileiraNotícias
24 de Abril de 2024
WD Agroindustrial promove intercâmbio cultural em aldeia indígena para celebrar o dia dos povos origináriosNotícias
24 de Abril de 2024
Raízen encerra safra 2023/24 com moagem recorde de 84,2 milhões de toneladasNotícias