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Adecoagro adota conceito inovador de sistematização de solo

14 de Novembro de 2019

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O pisoteio das linhas de cana ainda é um dos principais fatores redutores de produtividade no setor sucroenergético nacional. Uma colheita de má qualidade e o trânsito de equipamentos sobre a lavoura abala demasiadamente as soqueiras e chega a arrancar rizomas. Consequência direta são falhas na brotação e menos cana na safra seguinte.

Desde 2015, a Adecoagro, uma das maiores empresas agropecuárias da América do Sul, vem trabalhando para atenuar esse problema, tendo adotado um projeto de sistematização de solo bastante inovador no meio canavieiro. Trata-se do Escoamento Superficial Difuso (ESD), um conceito que, ao eliminar o terraceamento e as curvas de nível e planejar adequadamente o manejo da enxurrada, evita as perdas de solo e proporciona linhas de plantio mais regulares e longas, acarretando redução do número de manobras de máquinas nos talhões.

“É uma quebra de paradigmas. Um sistema totalmente novo de conservação de solo que, ao reduzir as manobras, diminui o pisoteio e otimiza o rendimento em todas as operações, do plantio a colheita”, ressalta o gerente de tecnologia agrícola da Adecoagro, Marcelei Daniel da Silva.

Ele explica que, além da solucionar o problema com pisoteios, diversos outros motivos levaram a companhia a adotar essa inovação. Um deles é a perda de área com terraços. Como a região sul mato-grossense carece de mão de obra, permanecem touceiras remanescentes sobre os canaviais em locais com terraços, que podem acabar servindo como hospedeiras para pragas. Baixa infiltração de água, demora para a retomada das operações após as chuvas e altos custos com reformas estão entre os outros influenciadores apontados por Silva.

Com ESD, Adecoagro reduziu número de manobras dentro do talhão de 192 para 0. Custo com sistematização na reforma caiu 42%

Desde sua implantação, o ESD tem acarretado grandes benefícios à Adecoagro, como eliminação de terraços, maior uniformidade da lavoura, melhor drenagem, retomada mais rápida das operações após as chuvas e ganho de eficiência nas operações. No entanto, o gerente de tecnologia agrícola da companhia destaca duas vantagens principais: a redução do custo de reforma e a diminuição do pisoteio.

De acordo com Marcelei Daniel da Silva, o custo de sistematização para expansão/implantação do sistema de ESD é 4% maior quando comparado ao convencional. Já nos anos subsequentes (reformas), as posições se invertem. O custo de sistematização no sistema ESD chega a ser 42% inferior. Outro grande destaque apontado pelo profissional é a redução do número de manobras dentro do talhão, que caíram de 192 para 0, o que ajudou a reduzir o problema com pisoteio.

Atualmente, mais de 2500 hectares da companhia já estão formatados dentro do sistema ESD. Até o final do ano, mais 5000 hectares deverão ser implantados. A expectativa é que até o final de 2021, haja um total de 18.600 hectares enquadrados nesse modelo.

Silva ressalta que criar um projeto de Escoamento Superficial Difuso é bastante trabalhoso, e requer um modelo digital do terreno com o uso de laser, além de elevado nível técnico da equipe. “O sistema é muito interessante, tem um potencial enorme, mas não é para amadores. O risco envolvido é grande. Qualquer erro pode gerar problemas graves. Sei de usinas que começaram a trabalhar com ele, registraram falhas e queimaram a tecnologia. Nós já fazemos isso há anos. Começos com cautela e fomos desenvolvendo aos poucos. O sucesso final depende do capricho e de conhecimento técnico, além de muito planejamento, já que os estudos para a implantação devem começar com, no mínimo, dois anos de antecedência.”

Fonte: Cana Online – 14/11/19

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