17 de Outubro de 2018
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O restrito mercado de açúcar orgânico ganhou um novo participante neste ano. A argentina Adecoagro, que conta com três usinas no Brasil e tem ações negociadas na bolsa de Nova York, está produzindo sua primeira safra de açúcar orgânico e espera encerrar essa primeira fase da aposta com produção de 7 mil toneladas.
O volume é modesto, mas é o pontapé inicial para que, nos próximos anos, a companhia acrescente cerca de US$ 8 milhões ao seu faturamento, que alcançou US$ 933 milhões em 2017 e US$ 371 milhões no primeiro semestre deste ano.
O objetivo é chegar em 2020 com uma produção de 14 mil toneladas de açúcar orgânico, quando o produto deverá ser totalmente direcionado para o mercado externo, onde há mais demanda.
"A vantagem do orgânico é o prêmio [sobre o preço do açúcar]. Hoje se paga cerca de 40 centavos de dólar por libra-peso", explica Renato Junqueira, diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro. O açúcar demerara, referenciado na bolsa de Nova York, está sendo negociado em torno de 13 centavos de dólar a libra-peso.
A diferença entre o preço de cada produto também é gritante nas prateleiras. Um pacote de 1 quilo de açúcar orgânico da marca mais conhecida, a Native, chega a R$ 4,89 no varejo, cerca de 3 vezes mais que um pacote de açúcar convencional de outras marcas.
Nestes dois primeiros anos, a produção vai ser comercializada no mercado nacional, diz Junqueira. Inicialmente, o produto será vendido para outras empresas que atuam no varejo, como Camil, dona do açúcar União, e Tereos, que vende o açúcar Guarani. Mais para frente, Berridi diz que o açúcar orgânico pode ser vendido com a marca própria, a Monte Alegre.
Com a produção estimada para este ano, a Adecoagro calcula acrescentar US$ 1,25 milhão à sua receita. No próximo ano, a expectativa é elevar a produção para 10 mil toneladas, incrementando a receita em 45%. "Quando alcançarmos nosso objetivo, serão agregados US$ 8 milhões ao ano, considerando o prêmio de hoje", ressalta.
Apesar das perspectivas positivas para o caixa da companhia, a entrada da Adecoagro no açúcar orgânico não deverá mudar muito a correlação de forças existente nesse nicho no Brasil. O maior produtor do país, o Grupo Balbo, dono da marca Native, produziu duas safras atrás (2016/17) mais de seis vezes (87 mil toneladas) o volume que a companhia argentina quer produzir daqui a dois anos.
Em todo o país, deverão ser produzidas nesta safra (2018/19) 216,6 mil toneladas de açúcar orgânico, segundo o Ministério da Agricultura. E, de acordo com Junqueira, o mercado global de açúcar orgânico deverá movimentar em torno de 400 mil toneladas.
O mercado de açúcar orgânico também ainda é ínfimo no Brasil, dado que a produção total de açúcar no país que deverá ser vendida no mercado interno deve ficar em cerca de 8 milhões de toneladas.
Embora seja um mercado ainda pequeno, a Adecoagro não tem a ambição, ao menos por ora, de alcançar a participação de mercado que têm hoje os players já estabelecidos. Um dos motivos é a própria limitação de sua estrutura.
O açúcar orgânico da Adecoagro será produzido na Usina Monte Alegre, na cidade de mesmo nome em Minas Gerais. No entorno, foram reservados 3 mil hectares para cultivar cana de forma orgânica. Trata-se de uma área pequena em relação aos 168 mil hectares de canavial que abastecem a usina.
Segundo Leonardo Raul Berridi, diretor Brasil da Adecoagro, a extensão teve que ser dimensionada para que a demanda por produtos naturais não tornasse o custo de produção impeditivo. No raio de produção orgânica, os químicos são substituídos por substâncias resultantes do próprio processo industrial, como a vinhaça e a torta de filtro no lugar dos fertilizantes. "Se a área fosse maior, precisaríamos comprar esses produtos", diz.
Valor Econômico – 17/10/18
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