Notícias

Agropecuária reduz concentração no país

17 de Dezembro de 2020

Notícias

O agronegócio está espalhado por todo o país, mas nenhuma cidade do setor se destaca entre as dez maiores, quando se refere a PIB per capita.

Petróleo, mineração, indústria petroquímica e geração de energia colocam as principais cidades nesta lista.

Estas são produções concentradas, ao contrário da agropecuária, atividade presente em praticamente todos os municípios do país.

Os dados do PIB dos municípios, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (16), apontam um avanço da descentralização da economia dos grandes centros.

Parte se deve à agropecuária, que leva evolução para o interior. Em 2002, as capitais representavam 36,1% do PIB. Em 2018, a participação delas recuou para 31,8%.

A lista das cidades que mais agregaram valor ao PIB da agropecuária em 2018 tem a liderança de São Desidério, no oeste da Bahia.

O município, produtor de grãos e de fibras, principalmente soja, milho e algodão, adicionou R$ 2,5 bilhões ao PIB em 2018, uma taxa de 0,8% do total do setor. A participação acumulada das dez primeiras cidades somou 4,61%.

A agropecuária foi bem de 2015 a 2018, com evolução de 13,2% no PIB do setor. A agricultura teve crescimento de 17,4%, e a pecuária, de 1,4%. Esta última acelerou a sua participação no PIB em 2019, devido à forte demanda por proteínas pela China.

Os setores florestal, de aquicultura e de pesca tiveram aumentos médios de 13% no período.

O índice Gini do PIB da agropecuária mostra que o setor trouxe uma melhora, ainda que não a ideal, na renda em diversas regiões agrícolas.

Foi o que ocorreu no Centro-Oeste e em parte do Sudeste e do Sul, quando comparados os dados de 2002 com os de 2018.

A agropecuária foi a atividade de menor concentração, segundo o IBGE. Nas contas do instituto, 141 municípios representaram 25% da agropecuária nacional. Quando considerados 564, a representatividade é de 50% do setor.

As maiores concentrações estão no Piauí, na Bahia e no Rio Grande do Sul. No Piauí, devido ao avanço da cultura da soja no estado, 60% do valor adicionado ao PIB em 2018 foram provenientes de apenas dez municípios.

Campos de Júlio, no oeste de Mato Grosso, é a primeira cidade da lista das com os maiores PIB per capita. A cidade aparece na 12ª posição. Os números são impressionantes: cada cidadão receberia, em média, R$ 207 mil por ano.

A realidade, porém, é outra. O agronegócio é movimentado por soja, milho e algodão. É importante também a produção de etanol de cana e de milho no município.

A renda real dos 6.700 habitantes do município, porém, fica distante dos R$ 207 mil. O município é pequeno, tem uma boa área de cultivo, mas boa parte da produção está concentrada nas mãos de grandes grupos, com sede fora da cidade.

Municípios mais bem estruturados do que Campos de Júlio, mas com população maior, têm um PIB per capita bem menor. Como Sapezal, que com 27 mil habitantes, tem um PIB per capita de R$ 117 mil.

 

Fonte:  Folha de São Paulo – 16/12

Veja também