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Ambientalistas perdem espaço na Câmara

15 de Outubro de 2018

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A renovação do Congresso enfraqueceu a bancada ambientalista. O partido Rede, por exemplo, fez apenas um deputado, embora tenha eleito cinco senadores. Os ruralistas também tiveram perdas quantitativas e de lideranças importantes, mas podem ter suas prioridades endossadas por deputados religiosos e os que chegam com a bandeira da segurança pública. Análises preliminares sobre a nova composição do Congresso indicam que a agenda ambiental está ameaçada no Parlamento.

"A bancada ruralista sofreu uma redução na sua composição, mas o candidato líder nas pesquisas para a sucessão presidencial diz que será seu aliado", afirma Antônio Queiroz, analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), referindo-se a Jair Bolsonaro, do PSL.

Ele lembra que alguns dos principais nomes do ambientalismo no Congresso não se reelegeram, como o ex-ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho, do PV-MA, que não conseguiu vaga para o Senado, o senador Jorge Viana (PT-AC) ou o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP). "Os ruralistas, evangélicos e deputados da bancada da bala tendem a atuar juntos em questões como agrotóxicos, licenciamento ambiental, mineração em terras indígenas", cita.

"Ganhamos alguns reforços importantes de militantes vinculados a causas", diz Adriana Ramos, coordenadora do programa de política e direito socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA). Menciona a eleição da índia Joênia Wapichana, de Roraima, a primeira liderança indígena no Congresso desde o cacique xavante Mario Juruna. "É extremamente qualificada na defesa dos direitos indígenas e sua presença pode alterar um pouco o nível do debate", acredita.

"Ganhamos alguns reforços importantes de militantes vinculados a causas", diz Adriana Ramos, coordenadora do programa de política e direito socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA). Menciona a eleição da índia Joênia Wapichana, de Roraima, a primeira liderança indígena no Congresso desde o cacique xavante Mario Juruna. "É extremamente qualificada na defesa dos direitos indígenas e sua presença pode alterar um pouco o nível do debate", acredita.

Análise da Sociedade Rural Brasileira (SRB) diz que a renovação política no Congresso "influenciou a composição da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)", que teve menos de 38% dos deputados reeleitos. "No chamado 'núcleo duro da FPA', os deputados mais ativos em prol do setor, a reeleição foi de 45% dos membros".

É o caso do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), ex-presidente da FPA, que não se elegeu senador ou do deputado Valdir Colatto (MDB-SC). Mas Luis Carlos Heinze (PP-RS), ex-presidente da FPA elegeu-se como o senador mais votado do Rio Grande do Sul. "Quando a gente pesa quem perdeu e quem ganhou, nota-se um desequilíbrio na frente ambientalista", diz Queiroz.

Adriana cita, contudo, novos deputados próximos à agenda ambientalista, como Marcelo Freixo (PSOL-RJ) ou o ex-prefeito de Bauru Rodrigo Agostinho (PSB-SP).

Valor Econômico – 15/10/18

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