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Anfavea descumpre acordo e apresentará relatório unificado contra o B15

18 de Fevereiro de 2019

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A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) deverá apresentar um relatório contra a adoção do B15. O posicionamento da principal entidade representativa da indústria automotivo foi antecipado numa reunião realizada na tarde desta quinta-feira (14) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

A decisão surpreendeu os membros do grupo de trabalho responsável por coordenar os testes de motores convocados para validar o uso da nova mistura de biodiesel. Um membro do grupo que falou com BiodieselBR.com na condição de anonimato classificou a postura como uma “traição total” e afirmou que a posição do grupo contradiz os resultados dos relatórios individuais da imensa maioria das associadas do grupo.

A reunião acabou antecipadamente, pois a posição da Anfavea em entregar um relatório unificado da associação fere um acordo assumido ainda no ano passado pelo qual cada empresa a fazer testes entregaria seus relatórios individualmente. A consolidação seria de responsabilidade do GT. Essa posição foi inclusive cobrada pelo Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Márico Felix, em ofício enviado no final de janeiro.

Nele o secretário diz que é preciso entregar os relatórios de maneira individual e dentro do prazo, e ainda que eles precisam ser elaborados seguindo critérios técnicos, como "objetivo do teste, metodologia e normas empregadas, critérios de validação, procedimentos experimentais (equipamentos, técnicas e processos utilizados), resultados, análise e conclusões".

Pessoas ouvidas por BiodieselBR.com, que estiveram presentes na reunião desta tarde, apontam que o real motivo para a decisão da Anfavea está relacionado a problemas com a tecnologia de duas de suas associadas. Acusar o biodiesel serviria para mascarar essa dificuldade. Outra pessoa, ligada ao setor produtivo de biodiesel, aponta que os interesses das montadoras não são com o desenvolvimento do Brasil, mas apenas manter as antigas práticas de deixar a população brasileira com veículos com tecnologia velha e defasada em relação a Europa.

Dos 10 relatórios individuais já recebidos, apenas um havia sido contrário ao B15. O problema principal que causou a posição contrária estava relacionado obstrução com partículas metálicas. No entanto, a causa pode estar mais relacionada a um filtro usado nos testes que conteria contaminantes metálicos do que ao biodiesel. Um teste similar foi conduzido por outra montadora que entregou relatório pela aprovação do B15.

Tensão crescente

A tensão dentro do GT de coordenação dos testes de motores já vinha crescendo desde outubro passado, quando a Anfavea passou a divergir dos prazos para a entrega dos relatórios ao MME. No começo deste mês, BiodieselBR.com noticiou que somente quatro de um total de 30 relatórios esperados já haviam sido devidamente entregues.

Os testes de motores são uma exigência estabelecida na Lei 13.263/2016 como uma condição para que novos aumentos da mistura de biodiesel no óleo diesel fóssil possam acontecer. O prazo legal se encerra no começo de março. Na Resolução 16/2018, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) condiciona a liberação do cronograma de aumentos de mistura entre B11 e B15 não apenas à finalização dos testes como, ainda, que eles “concluam satisfatoriamente” pela utilização da adição de até 15% de biodiesel.

Com um número grande de relatórios favoráveis ao aumento de mistura, é possível que o MME entenda que houve uma conclusão "satisfatória" e mantenha o aumento de mistura para 1º de julho.

BiodieselBr - 14/02/2019

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