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As montadoras terão retorno se investirem em motor a etanol mais eficiente

28 de Novembro de 2017

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Os trabalhos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de motores a etanol estão adiantados. Mas, para que essas novidades cheguem ao consumidor final, é necessário atrair a atenção das fabricantes e provar que haverá retorno garantido.

Para o professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Moreira, esse é o principal desafio a ser superado. “O desenvolvimento de um motor novo custa na ordem de um bilhão de dólares, ou seja, os fabricantes precisarão, primeiramente, garantir a demanda.”

Ele explica que as montadoras não estão convencidas de que apenas um aumento da eficiência do etanol seja preponderante para que haja um crescimento no consumo. Seriam necessários, também, investimentos na produção do biocombustível.

“A dispersão de investimentos em fontes menos promissoras, como, por exemplo, a produção de etanol a partir da celulose, é um grave problema. Se nós observarmos, a quantidade de dinheiro investida em biocombustível de celulose vem caindo nos últimos anos, o que é bom, porque essa linha de pesquisa serviu para desviar a atenção e procrastinar o investimento no etanol de cana.”

Para Moreira, a interferência do governo com uma política mais agressiva e focada no etanol seria a alternativa ideal para resolver o impasse entre o setor canavieiro e as fabricantes de motores.

Professor na faculdade de engenharia mecânica, departamento de energia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Waldyr Gallo também acredita que a falta de uma atenção especial do governo para com o etanol é o principal entrave para o crescimento da produção e do consumo do biocombustível. “Hoje, temos uma frota constituída majoritariamente por veículos flex, pronta para usar etanol, mas que utiliza basicamente gasolina.”

Segundo ele, os preços e a disponibilidade do etanol induzem os consumidores a utilizar o combustível fóssil. Pesquisas apontam que apenas seis estados brasileiros – justamente os maiores produtores ou aqueles próximos dos grandes centros – conseguem disponibilizar o combustível na bomba a um preço médio inferior a 70% do preço da gasolina.

“No final, a decisão do consumidor acaba sendo econômica. Embora muito conheçam os benefícios decorrentes da utilização do etanol, o que pesa mesmo é o bolso. Se o etanol não estiver com um preço atrativo, o cliente opta pela gasolina.”

Para Gallo, no cenário produtivo atual do etanol, em que a produção cresce mais lentamente do que a disponibilidade de veículos que possam usar o biocombustível, apenas uma política pública de incentivo poderia tornar o produto mais competitivo. “Se hoje todos os proprietários de veículosflex resolvessem abastecer com etanol, não teria combustível para todo mundo. Ou seja, o setor está à mercê do governo, à espera de uma solução que possa viabilizar a produção.”

(Fonte: CanaOnline – 28/11/17)

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