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Atvos aguarda definição das metas do Renovabio para comercializar 710 mil Cbios já emitidos

06 de Agosto de 2020

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A Atvos, braço sucroenergético da Odebrecht - em recuperação judicial separada da controlada -, está aguardando a definição das metas anuais do programa Renovabio para iniciar a comercialização dos seus créditos de descarbonização (Cbios) na plataforma da B3. "A gente já pode comercializar, mas ainda não estamos fazendo por causa desse impasse", disse ao Broadcast Agro o diretor comercial e de logística da Atvos, Marcelo Mancini. "Com a meta definida, teremos visão mais clara sobre o mercado." Até o momento, a companhia já escriturou 710 mil Cbios, volume que correspondia a 17% da oferta total da bolsa em 31 de julho, e tem como expectativa a emissão de 2,5 milhões de Cbios até o fim da temporada 2020/21.

Para o executivo, o processo de certificação das usinas e escrituração dos Cbios foi considerado uma experiência positiva, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. O próximo passo do Renovabio, principal programa do governo de estímulo à produção de biocombustíveis, é a definição das metas anuais para que, então, seja possível entender a dinâmica de oferta e demanda pelos ativos ambientais, pontua Mancini.

O assunto está em discussão no setor desde que o Ministério de Minas e Energia decidiu revisar as metas propostas anteriormente, em função dos efeitos da pandemia sobre o segmento de combustíveis. As medidas de contenção à doença levaram a uma retração abrupta na demanda e nos preços dos biocombustíveis, especialmente do etanol. Em consulta pública encerrada no dia 4 de julho, o MME propôs cortar pela metade a meta anterior, para 14,5 milhões de Cbios em 2020. A proposta é vista, entretanto, como conservadora pela Atvos, tendo em vista a retomada no consumo de combustíveis desde o mês de abril.

"Se a gente tiver uma meta muito frouxa, vamos ter sobra de Cbios e, consequentemente, uma desvalorização. Se for muito apertada, pode faltar Cbio e ele vai ficar muito caro. A gente espera que essas metas venham para dar um equilíbrio ao mercado e para o programa realmente decolar no segundo semestre", disse Mancini. Ele citou também a proposta enviada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) ao MME, que prevê uma meta de 16 milhões de Cbios para 2020. "A Unica fez um estudo muito profundo para dizer que o setor tem condição de produzir volumes mais altos neste ano e, portanto, essa meta pode ser maior", acrescentou.

Para o diretor de sustentabilidade e de relações governamentais da Atvos, Amaury Pekelman, a revisão do MME foi uma surpresa. "Uma vez definida uma política pública, ela deve ter continuidade para ter credibilidade. O corte previsto é muito maior do que a diminuição do consumo de etanol", disse.

A questão tributária é outro ponto sobre o qual o mercado aguarda esclarecimento, mas, embora tenha um impacto importante, na visão do executivo não limitaria a comercialização caso fosse a única pendência do Renovabio. Conforme revelado em julho pelo Broadcast Agro, o MME aguarda aprovação pela Receita Federal de uma Medida Provisória que prevê tributação progressiva para os Cbios, iniciando com uma alíquota de 5% em 2021.

Quanto à questão operacional, Pekelman contou que a companhia está automatizando uma série de processos para detalhar a gestão dos indicadores de carbono. Dessa forma, a empresa conseguirá identificar possíveis necessidades de melhoria para alcançar notas de eficiência energética do etanol maiores dentro do Renovabio. O indicador avalia o quanto de emissão de carbono é evitada com a fabricação do produto. A avaliação é realizada de três em três anos, mas pode ser adiantada a pedido das usinas.

 

Fonte: Broadcast Agro - 05/08

 

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