Notícias

Balanços de usinas devem apresentar fluxos de caixa negativos

18 de Abril de 2019

Notícias

As empresas de açúcar e etanol que atuam na região Centro-Sul do país deverão, nos próximos meses, apresentar balanços com resultados da safra 2018/19 com geração de fluxo de caixa negativo e índices de alavancagem maiores, afirmou Cláudio Miori, diretor da Fitch Ratings para o segmento sucroalcooleiro, durante evento da agência em São Paulo. Segundo ele, a tendência deverá dar o tom também na safra atual, que teve início em 1º de abril.

Nos balanços da safra passada, pesaram sobre os resultados "os preços de açúcar deprimidos, a moagem [de cana] mais fraca no Centro-Sul do Brasil por fatores climáticos e a volatilidade do câmbio". Miori ressaltou, ainda, que as empresas que estocaram etanol para concentrar as vendas na entressafra passada "não tiveram os resultados que imaginavam", já que os preços caíram no período em decorrência da queda do petróleo no mercado internacional e, consequentemente, da gasolina no mercado doméstico. "Quem fez a leitura de mercado correta e vendeu antes da entressafra, como a Jalles Machado, obteve resultados bem melhores", comentou.

Para o novo ciclo (2019/20), "não esperamos reversão dessa tendência, que é de elevação de alavancagem", afirmou Miori. A tendência, porém, deve se refletir de formas diferentes no segmento, dadas as disparidades entre as companhias, disse.

"Esperamos ver um mercado de refinanciamento [de dívidas] para as empresas médias ou piores, e a liquidez ainda fluindo para as melhores", atestou Miori. Ele acrescentou que espera ver mais pedidos de recuperação judicial no segmento, por um lado, mas ao mesmo tempo outras empresas com melhor estrutura "desfrutando de liquidez", entre as quais Jalles Machado, Cerradinho Bio, São Martinho e Raízen Energia.

Essa concentração da liquidez já vem ocorrendo nos últimos anos. Segundo Miori, apesar de ter ocorrido um aumento dos desembolsos do BNDES no ano passado para o segmento, mais de 40% do valor ficou concentrado em apenas três companhias.  "Há um claro aumento de concentração", ressaltou.

Fonte: Valor Econômico - 17/04/2019

Veja também