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BEVAP aposta no futuro

19 de Setembro de 2019

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(Exclusiva) O Portal SIAMIG conversou com o presidente da Bioenergética Vale do Paracatu (BEVAP), localizada em João Pinheiro (Noroeste de Minas), Gabriel Sustaita, durante a AgroNoroeste, sobre as mudanças ocorridas na empresa nos últimos anos e que elevaram sua capacidade para 4,5 milhões de toneladas. Além dos planos para o futuro e da grande aposta no etanol, no açúcar e na bioeletricidade.

 

PORTAL SIAMIG - Que revolução é essa que a BEVAP está passando nos últimos anos?

GABRIEL SUSTAITA - Conseguimos crescer nos últimos quatro anos uma média de 8% a 10% ao ano, e atingir este ano a famosa meta dos três milhões de toneladas de cana, que é a capacidade original da usina. Mas a empresa investiu e a capacidade ampliou para 4,5 milhões de toneladas. Fizemos uma grande inovação tecnológica na indústria como o balanço energético, implantação de sistema de automação e controle, inteligência artificial, otimização contínua, aumento da potência no terno de secagem entre outros ajustes necessários para modernizar e ampliar a capacidade da empresa. Já a área agrícola mudou tremendamente, passamos a fazer a coisa certa, com todos os processos 100% automatizados, uso do GPS, piloto automático, com grande redução do pisoteio. Implantamos também o gotejamento em quase mil hectares, com a projeção de chegar a 6,8 mil hectares, entre outras transformações, para atingirmos os 4,5 milhões de toneladas no próximo ano.

PORTAL SIAMIG - E a produtividade?

GS - A BEVAP foi reconhecida o ano passado como campeã em produtividade do setor, e a média este ano deve ficar acima de 110 t por hectare em cana própria, já considerando os fornecedores deveremos fechar em 104 ton a 106 ton por hectare. É uma grande vitória advinda de todos os cuidados que estamos tomando em relação ao canavial.

PORTAL SIAMIG – Quais os planos da empresa para o futuro?

GS – Hoje a cana própria tem uma participação de 70% nos 3,5 milhões de toneladas moídas e cerca de 30% dos fornecedores. Mas a expectativa para os próximos sete anos é de chegar a 50% de cana própria e possibilitar uma participação maior dos fornecedores, a fim de garantir um crescimento mais rápido bem como um melhor gerenciamento do risco. Com maior participação dos fornecedores, é possível também provocar melhorias para o crescimento da região. O produtor que passa de arrendatário para fornecedor contrata, por exemplo,  mais mão-de-obra, os filhos ficam radicados no interior, há uma maior geração de serviços,  infraestrutura, educação, saúde, comércio, o que reflete nas usinas da região. Hoje temos um déficit muito grande de mão-de-obra qualificada e todas essas mudanças podem melhorar a qualificação dos trabalhadores e permanência da população na região.  

PORTAL SIAMIG - O senhor está oferecendo algum benefício para conseguir essa meta de novos fornecedores?

GS - Entendemos que a BEVAP conseguiu atingir dois indicadores importantes para o ponto de equilíbrio, que é a eficiência e escala, chegando nos três milhões de toneladas. Para crescer e ter maior eficiência de custos, queremos compartilhar com os fornecedores. Neste sentido,  daremos todo suporte e know how de cana irrigada com alta produtividade e devemos ampliar o raio médio atual de atuação de 23 km a 25 km para  28 km a 30 km de distância da usina. Oferecemos também  uma tabela subsidiada  no frete para aqueles que atingirem alta produtividade e adicionalmente uma bonificação por produtividade para aqueles que mais produzirem TCH (tonelada de cana/ha) ou até 5% para quem produzir acima de 160 ton /hectare, somada ao bônus do Consecana (sistema que define a remuneração do produtor de cana a partir do índice de Açúcares Totais Recuperáveis - ATR).  Com o subsídio de frete e bônus de produtividade, estamos falando de um benefício acima de 10% sobre o preço médio da cana no padrão Consecana.  

PORTAL SIAMIG - O Noroeste é muito focado em grãos, o senhor acha que já há uma tendência também para a produção de cana?

GS - A região já conhece o setor, apostamos mais na confiança numa empresa que demonstrou capacidade de recuperação e agora está sólida, com outro modelo de gestão, muito focada em valores, sustentabilidade, relacionamento com a sociedade, com os fornecedores. Porém, aqui é uma região que produz muito milho semente e os produtores já têm uma rentabilidade garantida, então, temos que concorrer com isso. Mas ao mesmo tempo, os produtores sentem que é o momento de “virar a chave” das lavouras de silvicultura e grãos para uma empresa que nos últimos anos cresceu e demonstrou eficiência.

PORTAL SIAMIG - Isso é uma aposta no futuro do setor?

GS - Os biocombustíveis são o futuro, são produtos que vieram para ficar e temos que saber mostrar tudo o que a cana tem de bom. Transmitir os benefícios para a sociedade, a fim de que valorizem o serviço que estamos prestando de descarbonização e eficiência energética.  

 

 Gabriel Sustaita faz palestra na Feira Agronoroeste em João Pinheiro

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