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Blairo Maggi: volume de recursos para safra 2018/19 será praticamente o mesmo

09 de Março de 2018

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O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou ontem que o total de recursos do Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019 deverá ser praticamente o mesmo do atual período (2017/2018), já que há uma limitação nos gastos do governo pelo teto determinado na emenda à Constituição promulgada em 2016.

"Os volumes de recursos praticamente serão os mesmos, já que a lei do teto fala no total do ano passado mais inflação", disse Maggi. "Como a inflação (de 2016) foi pequena, o aumento será pequeno", completou Maggi durante entrevista a jornalistas na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS).

Para a atual safra, o governo destinou R$ 188,3 bilhões em recursos. Se a inflação de 2,95%, de 2017, for considerada nos cálculos do governo, o volume para o Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019 será de R$ 193,85 bilhões. Maggi afirmou que os juros para o financiamento agropecuário a partir de 1º de julho, quando começa oficialmente a safra, devem ser menores que os atuais, entre 7,5% e 11,75% ao ano para as principais linhas de crédito.

Os juros mais baixos serão possíveis por causa da queda na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 6,75% ao ano, ante 13,75% ao ano em janeiro do ano passado. No entanto, segundo Maggi, juros mais baixos podem significar prazos menores de financiamento e o setor já está sendo consultado sobre essa possibilidade.

"Historicamente sempre tivemos juros agrícolas menores que a Selic, então é natural que a gente caminhe para juros mais baixos. (Mas) temos o mesmo volume de dinheiro e se queremos taxas de juros mais baratas, vamos ocupar mais espaço financeiro e reduzir equalização", disse. "Se quiserem mais prazo com juros menores, teremos menos dinheiro, e vice versa. É uma situação que não temos para onde correr."

Na Expodireto Cotrijal, Maggi voltou a defender mudanças no Mercosul e, ao ser indagado sobre os problemas comerciais enfrentados pelo leite brasileiro no bloco econômico, lembrou de barreiras e operações feitas entre países que tiram a competitividade do produto.

Maggi citou que o Brasil tem um superávit comercial de US$ 8 bilhões com a Argentina, formado basicamente pelas vendas industriais, mas a agropecuária tem um déficit de US$ 3 bilhões com o país, em razão de barreiras impostas pelo vizinho aos produtos daqui, como é o caso do açúcar, por exemplo. "É a agricultura pagando uma conta da indústria."

O ministro descartou a possibilidade de haver alguma programa de auxílio aos produtores de arroz e respondeu que a produção no Brasil é maior que o consumo e que não há exportações. Uma saída seria a redução de impostos ao longo da cadeia, segundo o ministro, que não deu detalhes de como isso ocorreria.

"Temos de abrir mercado externo e olhar para os custos. Os produtores já olharam para isso não têm como enxugar, mas a cadeia de impostos nessa produção é bastante grande e talvez por aí seja o caminho", concluiu.

Os dois órgãos que mensuram a produção agrícola brasileira divulgaram nesta quinta-feira (8) suas expectativas para a safra atual. Apesar das metodologias diferentes, Conab e IBGE concordam que a colheita nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas será menor que a supersafra do ano passado, mas, ainda assim, será a segunda melhor da história do Brasil.

O IBGE calcula que o país deve fechar 2018 com 227,2 milhões de toneladas, 5,6% inferior ao total registrado em 2017, que foi de 240,6 milhões de toneladas. Já a Conab estima a safra de grãos 2017/2018 para 226 milhões de toneladas, um recuo de 4,9%. Apesar da queda, a Conab se mostrou otimista. “O país ainda deverá colher a segunda maior safra de todos os tempos”, disse a entidade.

Apesar da expectativa de queda em 2018, a estimativa feita em fevereiro é mais otimista do que a de janeiro. De janeiro para fevereiro, o IBGE elevou em 0,5% (de 226,1 milhões para 227,2 milhões de toneladas) a previsão de 2018.

As três principais lavouras de grãos do país – arroz, milho e soja – representarão 92,9% da produção. São esperadas quedas para os três produtos. Houve melhora nas culturas de sorgo (7,3%), café robusta (canephora) (2,9%), milho 2ª safra (0,7%) e soja (0,6%).

Fonte: Agência Estado / O Tempo – 08/03/2018

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