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BR se prepara para aproveitar eventuais ganhos na importação

13 de Março de 2020

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O presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, ainda considera cedo para se ter uma real noção dos impactos da pandemia do novo coronavírus sobre os negócios da empresa. O executivo afirmou ontem, no entanto, que a companhia tem intensificado a atuação de sua área de trading para aproveitar eventuais oportunidades na aquisição de produtos. Por outro lado, ele destaca que o ambiente de mercado dos últimos dias “cria novas variáveis” para o cumprimento das metas da BR - que no contexto de sua privatização, em meados de 2019, lançou um pacote de dez medidas para aumentar a rentabilidade de seus negócios.

“Estamos muito atentos [aos efeitos do choque de preços do petróleo]. O que nos dá segurança é que, justamente por termos trabalhado nas iniciativas [de aumento da rentabilidade], estamos firmes e fortes nas alternativas de ‘sourcing’ [abastecimento], ao reativar toda nossa área de trading e comercialização. Isso nos dá pelo menos uma segurança de que estamos com as ferramentas para lidar com o que vai se colocar no mercado este ano”, afirmou, durante teleconferência com analistas.

Grisolia citou que a área de abastecimento já conseguiu apresentar alguns bons resultados no quarto trimestre de 2019, quando as importações responderam por mais de 20% do suprimento de diesel e gasolina da empresa. Já o diretor de finanças e relações com investidores, André Natal, afirmou que se por um lado o cenário de preços mais baixos abre oportunidades na área de trading, os estoques da empresa devem, por outro lado, serem afetados pela desvalorização da commodity e derivados no mercado internacional.

Em relatório enviado a clientes, o UBS destacou que a BR pode se valer de ganhos potenciais de importação de derivados, mas que a pandemia do novo coronavírus deve impactar também num menor crescimento para a empresa em 2020, baseado na revisão de expectativas de crescimento da economia brasileira.

Grisolia comentou ainda sobre o andamento das medidas para elevar a rentabilidade da companhia. Ele disse que a implementação das iniciativas já está em curso, mas que seus ganhos só devem ser totalmente refletidos nos resultados da distribuidora ao fim de 2021. “Nosso projeto na BR é uma maratona, não é um ‘sprint’ de 100 metros”, disse.

Além da reativação da área de trading, no abastecimento, ele citou que outra medida já implementada foi o Plano de Transformação Organizacional, que inclui um novo plano de cargos e salários e o Programa de Desligamento Optativo (PDO), que contou com a adesão de mil empregados. A previsão da BR é obter redução de custos da ordem de R$ 650 milhões/ano em 2021 com a iniciativa. Ao todo, a empresa reduziu em 27% o seu número de empregados em 2019, ano que marca a privatização da companhia.

Grisolia sinalizou que não há novos cortes significativos no radar, para além das 337 saídas previstas para 2020, dentre funcionários já inscritos no PDO. “Esse tipo de plano é pontual. Todo o exercício feito [com o PDO] acabou. Não tem continuidade não... Tem um exercício só de ajustes. Em termos de pessoas, estamos com um time completo e motivados”, afirmou.

O executivo comentou sobre as perspectivas de distribuição de dividendos. A BR vai pagar neste ano R$ 1,124 bilhão, incluindo R$ 540 milhões de juros sobre capital próprio. Ele disse que a empresa não tem meta de remuneração aos acionistas, mas que a expectativa é que a companhia volte a lucrar em 2020 e faça novos pagamentos aos seus acionistas.

 

Fonte: Valor Econômico -13/03

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