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Brasil ameaça recorrer à OMC caso UE mantenha cota agrícola após Brexit

11 de Abril de 2019

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O Brasil e outros oito grandes exportadores agrícolas vão advertir hoje a União Europeia (UE) sobre uma possível denúncia na Organização Mundial do Comércio (OMC), se Bruxelas mantiver seu plano de reduzir cotas de importação de produtos agrícolas após o Brexit (saída do Reino Unido do mercado comum europeu).

Ninguém sabe exatamente como ocorrerá o Brexit, diante do impasse no Reino Unido. Mas o Brasil, os EUA, a Austrália, a Nova Zelândia, o Canadá, o Uruguai, além da China e da Índia, levarão ao Comitê de Bens uma declaração comum ilustrando a inquietação de seus produtores sobre possíveis perdas de fatias de mercado.

Os exportadores agrícolas rejeitam o plano de Bruxelas, pela qual uma parte das atuais cotas (que permitem a entrada de produtos com tarifa menor) passaria a ser concedida pelo Reino Unido.

A mensagem na OMC é de que, se os europeus mantiverem o plano e não derem concessões aos exportadores, o problema acabará sendo levado aos juízes da entidade global.

Para os exportadores, se a UE perde um membro, é algo que Bruxelas deve resolver sem desmantelar as concessões feitas na OMC, pelas quais obteve contrapartidas importantes dos parceiros.

Por outro lado, a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) preparou um estudo avaliando que o Brasil pode ganhar cerca de US$ 1 bilhão com exportações adicionais para o Reino Unido no caso de uma saída do país sem acordo ("no deal" Brexit).

Para a Unctad, o ganho deve vir com a redução de tarifas prometida por Londres. O principal beneficiário seria a China, com ganho de US$ 10,4 bilhões, seguida pelo Japão.

Já o maior perdedor, também no cenário de "no deal Brexit", seria a própria UE, com uma redução de vendas de US$ 34,5 bilhões para o mercado britânico.

Na verdade, entre negociadores, existe uma clara preocupação de que os europeus e os britânicos poderão chegar a um acordo favorecendo suas respectivas vendas em detrimento de parceiros de fora do continente.

Uma preocupação do Brasil é sobre como ficará a situação da Irlanda. O país pode perder fatias nos segmentos de carnes e de açúcar, por exemplo.

O Brasil vem cobrando da UE também compensação por causa da imposição de salvaguarda na entrada do aço brasileiro.

Valor Econômico - 11/04/2019

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