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Brasil e Japão discutem cooperação nas agendas de etanol e açúcar

05 de Setembro de 2017

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A convite da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), delegações dos dois países, representados por diferentes instâncias governamentais, instituições de pesquisa e entidades setoriais, como a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica-SP), debateram políticas públicas que tragam novas oportunidades de negócio durante a XXª Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, realizada no início da semana (28/08 e 29/08), em Curitiba.

No painel “Recursos Naturais e Energia”, do qual participaram o coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Roberto Rodrigues, o diretor Administrativo Sênior do Banco do Japão, Nobumitsu Hayashi, o diretor Executivo da Unica-SP, Eduardo Leão de Sousa, foi apresentado  um panorama do setor sucroenergético nacional e identificadas importantes parcerias tecnológicas entre empresas brasileiras e japonesas nos segmentos de etanol, bioeletricidade e indústria automobilística. Foram apresentadas também sobre dificuldades que limitam a maior comercialização do açúcar brasileiro no Japão.

“No contexto das Mudanças Climáticas, Brasil e Japão têm muito a trabalhar. Podemos somar esforços para aumentar a mistura de etanol na gasolina vendida naquele país de 3% para 10%, ampliando os benefícios ao meio ambiente e, consequentemente, assegurando boa parte do cumprimento das metas japonesas no Acordo de Paris”, ressaltou Eduardo Leão. Em 2016, o Japão consumiu aproximadamente 81 milhões de litros de etanol brasileiro, o que equivaleu a 4,5% do volume exportado pelo País.

Em sua apresentação, o diretor da Unica-SP evidenciou a importância da cooperação tecnológica com companhias nipônicas para a indústria de cana-de-açúcar e seus derivados no Brasil. “Em 2016, a Cosan, conglomerado brasileiro de energia e infraestrutura, e a Sumitomo Corporation, um dos maiores grupos econômicos do Japão, criaram uma joint venture que deu origem à primeira empresa no mundo a produzir e comercializar pellets de biomassa feitos a partir de palha e do bagaço de cana.

Trata-se de uma matéria prima que pode substituir o carvão mineral, gás natural e até óleo combustível na geração de energia elétrica e/ou calor, por exemplo”, enfatizou.

Eduardo citou outro caso emblemático protagonizado pela montadora Nissan no País. Sendo uma das 20 fabricantes de carros flex no Brasil, a marca anunciou, no início do ano passado, o desenvolvimento de um protótipo elétrico equipado com um sistema de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC, em inglês), que utiliza a reação do oxigênio com o biocombustível (anidro ou com 55% de água) para gerar eletricidade.

“A ampla infraestrutura de produção e abastecimento de etanol existente no País certamente foi decisiva para a Nissan apostar nesta inovação, que pode elevar para 600 quilômetros a autonomia dos carros eletrificados atualmente. Além disso, também há espaço para o aprimoramento do processo produtivo do biocombustível de segunda geração (2G) e para o desenvolvimento de soluções que viabilizem automóveis híbridos com motores a etanol ou flex”, explicou.

Açúcar

Além de buscar novas oportunidades para o etanol no Japão, o Brasil busca “destravar” a comercialização de açúcar com o país asiático. Mesmo tendo uma das indústrias mais competitivas e sustentáveis do mundo no segmento açucareiro, o País tem dificuldades para acessar o mercado japonês, que figura apenas na 96º posição do ranking nacional de exportação do produto.

Isso ocorre porque o Japão adota uma diferenciação tarifária dependendo do tipo do açúcar importado. Países como Austrália e Tailândia, que vendem o açúcar bruto (VHP), ficam isentos de cobrança.

Já o Brasil, exportador de açúcar refinado e cristal, é obrigado a pagar US$ 200,00 por tonelada do produto. “Os dois países podem trabalhar juntos para rever esta restrição e possibilitar que os japoneses tenham acesso a um ingrediente barato e de qualidade”, alertou Eduardo Leão. No ano passado, os produtores brasileiros exportaram 1,3 mil toneladas de açúcar para o Japão.

(Fonte: Unica-SP – 04/09/17)

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