14 de Dezembro de 2018
Notícias
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, entidade que reúne mais de 180 membros do agronegócio, do ambientalismo e da academia, divulga nesta quinta-feira, 13, um comunicado ao novo governo reforçando seu posicionamento para que o País permaneça no Acordo de Paris – condição ainda posta em dúvida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro.
O grupo, composto por entidades como Sociedade Rural Brasileira (SRB), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Cargill e Amaggi, mas também por ONGs como Ipam, WWF, Ipam, Imazon, além do Observatório do Clima, defende que o Brasil “tem muito a ganhar” com sua permanência no acordo, estabelecido por 195 países como o principal instrumento para o combate internacional ao aquecimento global.
“O Acordo de Paris representa uma agenda de muitas oportunidades”, escreve o grupo, que lista os benefícios para os vários setores: “Para os produtores rurais, o compromisso é visto como importante incentivo à criação de mecanismos que possam compensar produtores com excedentes de áreas preservadas em suas terras, como forma de remunerar o serviço ambiental prestado por essas áreas”, aponta o documento.
“Para as florestas e a agricultura, o acordo representa uma indicação clara rumo a uma economia de baixo carbono. Uma parte relevante da economia brasileira está baseada no agronegócio, responsável por 23,5% do PIB nacional e 19% dos empregos formais no país. O setor é altamente dependente das condições climáticas para garantir sua produtividade. As florestas atuam como ‘regador’ da agricultura brasileira e protegê-las é o melhor caminho para garantir a perenidade do setor”, continua.
O grupo lembra que o Brasil é responsável por 7% dos produtos agrícolas em todo o mundo e que atender a critérios de sustentabilidade “pode atrair mais diferenciais e competitividade a seus produtos, valorizando sua imagem e reputação e abrindo novas portas em mercados internacionais”.
Ao fim do comunicado, o grupo pede que o governo considere “os ganhos que o Acordo de Paris pode representar a diversos setores da sociedade”, como listado pela coalizão no documento Visão de Futuro para as Florestas e a Agricultura.
Sinais do governo
Defesas como essas foram importantes nas últimas semanas para Bolsonaro voltar atrás, em seu plano de campanha, de fundir os Ministérios da Agricultura com o do Meio Ambiente. Mas o novo governo continua passando mensagens de incerteza sobre a permanência no Acordo de Paris.
Logo depois da eleição, o governo brasileiro desistiu de sediar a Conferência do Clima da ONU no ano que vem, a pedido de Bolsonaro; o presidente eleito continua falando que ainda pensa em abandonar o acordo; e o futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou em entrevistas que a discussão sobre o aquecimento global é secundária.
O comunicado da coalizão reforça um cenário que ficou claro desde o período eleitoral: de que, apesar de Bolsonaro contar com o apoio majoritário do agronegócio, há diferentes graus de concordância com o presidente eleito dentro desse grupo tão diverso.
O chamado agro moderno em geral quer a proteção ao ambiente e o cumprimento das metas estabelecidas junto ao Acordo de Paris porque sabe que isso pode impactar as exportações. Já a velha pecuária extensiva, que não quer se modernizar, pressiona por menos fiscalização e endossa o discurso da “indústria da multa”.
O Estado de São Paulo - 13/12/2018
Veja também
18 de Abril de 2024
Futuro do setor bioenergético brasileiro é tema de debate da Revista CanaOnlineNotícias
18 de Abril de 2024
Brasil apoia iniciativa indiana para sediar Aliança Global de BiocombustíveisNotícias
18 de Abril de 2024
Produtores brasileiros de etanol podem ser os primeiros beneficiados da indústria de SAFNotícias