23 de Novembro de 2020
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Já imaginou as tradicionais garrafas PET de refrigerantes sendo feitas a partir do açúcar, e não mais do petróleo? Pois a Braskem, a maior petroquímica das Américas, acaba de desenvolver tecnologia pra produzi-las a partir do açúcar bruto, como parte de sua política de reduzir suas emissões de CO2. A novidade foi criada em parceira com a dinamarquesa Haldor Topsoe.
Gustavo Sergi, diretor de Químicos Renováveis e Especialidades da Braskem, explica que a viabilidade da nova tecnologia foi comprovada em uma unidade de demonstração em Lyngby,na Dinamarca. As comanhias conseguiram produzir o MEG (monoetilenoglicol), matéria-prima do PET, usando açúcar extraído da cana-de-açúcar e dispensando o petróleo.
Segundo o executivo, o próximo passo será planejar a construção de uma fábrica para o novo PET. Sem revelar investimentos, nem a capacidade, Sergi não descartou a possibilidade de a unidadeser construída no Brasil. Neste momento, as duas empresas estão justamente avaliando qual o melhor local para a fábrica, e seu tamanho.
— Conhecendo a tecnologia, eu conseguirei ver qual o melhor lugar para essa planta (a fábrica). Claro que ela tem chances de ser feita no Brasil, porque o país tem muito açúcar, e a Braskem está aqui. Nós temos avaliações para essa planta em diversos lugares do mundo, e com o refinamento da tecnologia teremos condições de precisar o lugar em que ela faz mais sentido — afirmou Sergi.
Após o desenvolvimento tecnológico e a fase de testes, que ocorreu anos últimos dois anos, o MEG à base de açúcar está agora sendo avaliado pelos produtores de resinas PET para comprovar sua eficácia.
O executivo não revelou o volume de produção na unidade de demonstração dinamarquesa, mas disse que ela está instalada em uma construção com altura equivalente a um prédio de três andares, em uma área de 450 metros quadrados.
De olho no mercado bilionário
Segundo Sergi, o projeto faz parte da política de chegar a zero emissões de carbono até 2050. Mas a Braskem também está de olho em um mercado gigante de 30 milhões de toneladas anuais de MEG (que movimentam US$ 25 bilhões), e de 90 milhões de toneladas de PET.
— Hoje a gente comprovou ser possível transformar o açúcar em MEG renovável, e agora entramos em uma etapa final de desenvolvimento, para depois tornar esse produto disponível para o mundo todo. Falta apenas refiná-la e partir para a planta industrial — destacou o executivo.
Hoje o MEG é feito a partir de matérias-primas fósseis, como nafta do petróleo, gás ou carvão.
— O fato e a gente conseguir produzir a partir do açúcar o MEG, que vira PET e vai servir todo o mercado global, está totalmente alinhado com nossa visão, nosso compromisso de carbono neutro até 2050 —disse Sergi.
A Braskem não produz o PET, mas o MEG — que é vendido para terceiros produzirem. Os principais produtos da Braskem são resinas de polietileno e polipropileno.
O MEG renovável não chega a ser biodegradável. Sergi ressalta que, assim como outros tipos de resinas, é importante descartar o material usado adequadamente, para que retorne à cadeia produtiva
A Braskem, uma petroquímica que essencialmente utiliza a nafta do petróleo como matéria-prima para seus produtos, há dez anos iniciaram projetos para desenvolver tecnologias para produção de matérias-primas renováveis.
A empresa tem em operação a maior unidade de biopolímeros do mundo, com uma fábrica de eteno verde e polietileno verde no Rio Grande do Sul, usando a cana-de-açúcar como matéria-prima. Essa fábrica produz 200 mil toneladas de biopolímeros por ano.
Fonte: O Globo – 23/11
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