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Cadeias exportadoras contribuem com o saldo positivo da balança

27 de Setembro de 2018

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De 2001 para cá, a balança comercial brasileira tem alcançado uma sequência de resultados positivos, com exceção de 2014, ano em que a queda no preço das commodities (em especial, o minério de ferro), a crise econômica argentina e a compra acima do previsto de combustíveis, fez com que o Brasil fechasse suas contas no vermelho. Mas os números poderiam ser mais amargos, não fosse a crescente e regular contribuição do agronegócio.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no ano passado, por exemplo, o saldo ficou em R$ 66,98 bilhões, com exportações da ordem de R$ 217,74 bilhões. Do total embarcado, as cinco principais cadeias exportadoras do agronegócio (soja, carnes, café, setor sucroenergético e suco de laranja) foram responsáveis por R$ 66,16 bilhões.

Não estão incluídos na conta itens de menor peso na balança, como cacau, leite e derivados, mel, pescados, frutas e demais produtos. A tendência é que o quadro se repita em 2018. Nos primeiros oito meses, as exportações registraram vendas de R$ 158,90 bilhões, sendo que os cinco principais itens participaram com R$ 46,66 bilhões.

A participação pode ser ainda maior, se for incluída a produção de etanol voltada para o mercado interno, volume que substitui a importação de gasolina, segundo Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, especializada no setor sucroenergético. "Em 2017, o etanol substituiu 21,470 bilhões de litros de gasolina e, em 2018, cerca de 12,920 bilhões. Neste ano, considerando o preço médio da importação de gasolina em torno de US$ 0,482/litro, a economia proporcionada é de US$ 6,27 bilhões", diz.

No caso do açúcar, a expectativa é fechar o ano com vendas abaixo das registradas em 2017, que foram de 28,7 milhões de toneladas, devido à queda de preços no mercado internacional em função do excesso de produção da Índia e da Tailândia.

Há mais de 15 anos na liderança do ranking do agronegócio, a soja tem se beneficiado da guerra comercial entre os EUA (maior produtor mundial) e China, principal mercado das vendas brasileiras. "Temos alta produtividade na lavoura, com até 57,8 sacas/hectare, mas sofremos com a logística precária e os custos do frete", afirma Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).

Maior produtor nacional, com 9,460 milhões de hectares, Mato Grosso tem no agronegócio cerca de 50% do seu PIB, estimado em R$ 107 bilhões em 2015, pelo IBGE. Além da soja, o Estado se destaca pela cultura do algodão e pela pecuária. Segundo Antonio Galvan, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja MT), a alta produtividade permite que novas áreas sejam exploradas.

O Brasil ainda é líder mundial na produção e exportação de café. "A indústria tem evoluído em equipamentos nas fábricas e tecnologia na lavoura. Em 1990, exportávamos 15 milhões de sacas e hoje exportamos 34 milhões de sacas", diz Eduardo Heron Silva, diretor técnico do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Enviado para cerca de 120 países, o café em grão é exportado até para grandes produtores, como Vietnã e Colômbia. Segundo Silva, o mercado consumidor cresce 2% ao ano no planeta e a expectativa é que haja um incremento de mais de 30 milhões de sacas/ano até 2030. O maior entrave do Brasil, diz, é a legislação protecionista na União Europeia em favor dos produtores africanos e do café colombiano. "O café brasileiro é taxado em 7,5%."

Valor Econômico – 27/09/18

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