Notícias

Câmara aprova texto de medida que busca reduzir tarifa de energia até 2025

17 de Dezembro de 2020

Notícias

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (16), por 296 votos a 132, o texto-base da medida provisória que destina recursos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo do setor elétrico abastecido pelas tarifas de energia.

O objetivo da MP é que, com esse aporte na CDE, seja possível reduzir a tarifa para os consumidores até 2025.

Após a aprovação do texto-base, os deputados analisaram parte dos destaques (propostas que visam modificar a redação). Dois foram aprovados (leia detalhes mais abaixo). A votação da medida provisória, no entanto, deve ser concluída somente na sessão desta quinta (17), com a análise dos demais destaques.

A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) é um fundo do setor elétrico que paga programas de subsídio, entre os quais o Luz para Todos e o desconto na tarifa para irrigação.

O dinheiro da CDE tem origem na tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores de todo o Brasil, mas, por lei, também pode ter origem em recursos do Tesouro Nacional.

Atualmente, todo o recurso da CDE, que custa mais de R$ 20 bilhões por ano, vem das tarifas de energia. Com outra fonte, o impacto do fundo na conta de luz pode ser menor, o que reduzirá os reajustes.

A MP prevê a transferência dos saldos não utilizados dos recursos que as concessionárias de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição) devem aplicar anualmente em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e eficiência.

A proposta aprovada é um complemento à outra provisória que garantiu a isenção do pagamento das faturas de energia para os consumidores de baixa renda, beneficiários da tarifa social, por três meses.

Angra 3

A proposta possibilita a exploração da usina nuclear de Angra 3 por parte da iniciativa privada, sob o regime de autorização. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) será o órgão responsável por conceder a outorga de autorização, por até 50 anos prorrogáveis por mais 20 anos.

Também é responsabilidade da CNPE:

autorizar os contratos de comercialização de energia produzida na usina - que pode substituir o contrato de energia vigente;
aprovar o preço da energia desse contrato, calculado com base em estudo feito pela Eletronuclear e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ao editar a MP, o Executivo afirma que as mudanças devem "possibilitar a estruturação financeira do empreendimento para a sua viabilização e conclusão".

Na avaliação de parlamentares do PSOL, porém, a mudança entrega para a iniciativa privada um setor que é de exclusividade da União - a exploração de energia nuclear. Os deputados também criticam o fato de a mudança vir por meio de uma medida provisória.

Energia limpa

A proposta também modifica regras de incentivos a empreendimento com base em energia limpa, como as usinas de energia solar, eólica e biomassa.

O texto delimita o benefício, aplicado às tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição, aos empreendimentos de energia limpa que solicitarem outorga em até 12 meses, contado a partir do dia da sanção do projeto, e que iniciarem as operações em até 48 meses após esse período. Depois disso, o benefício não será aplicado a novos empreendimentos desse tipo.

Parlamentares da oposição criticaram o trecho, dizendo que a medida desestimular a produção de energia limpa.

"É inimaginável que, quando o mundo se mobiliza por energia limpa, o Brasil abra mão de subsidiar quem a produz", afirmou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

Deputados tentaram retirar esse trecho da proposta, mas o destaque foi rejeitado. Por outro lado, foi aprovado um destaque que cria um escalonamento para a redução do benefício aplicado às pequenas centrais hidroelétricas (PCHs).

 

Fonte: Portal G1 – 16/12

Veja também