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Campo forte em 2016

02 de Janeiro de 2017

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O agronegócio colheu bons frutos no ano passado, ao contrário do que ocorreu  nos outros setores da economia. Prova disso pode ser conferida na última estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária mineira. De acordo com balanço da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), o PIB do campo em Minas, em 2016, deve movimentar R$ 197,15 bilhões e crescer 5,18% frente ao registrado em 2015. O resultado é bem melhor que o esperado para a economia brasileira. De acordo com expectativas oficiais do governo, o PIB do país deve ter caído cerca de   3,5% no decorrer do ano passado.

Segundo a Faemg, os produtos agrícolas foram a âncora do agronegócio em 2016. Eles foram responsáveis por 53,8% do PIB do agronegócio do estado, gerando R$ 106,03 bilhões, com crescimento de 12,98% em relação ao ano anterior. Com 46,2% do PIB do agronegócio do estado, a pecuária, por sua vez, não teve resultados tão positivos: deve recuar 2,64% e faturar R$ 91,12 bilhões. “Apesar de todos os percalços, dos problemas políticos e econômicos, tivemos um ano produtivo, de muito trabalho e conseguimos fazer com que o agronegócio de Minas continuasse crescendo, sustentado pela agricultura”, disse o presidente da Faemg Roberto Simões.

Em palestra em Belo Horizonte, no mês passado, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, lembrou que os bons resultados colhidos pelo agronegócio são frutos do milagre promovido pelo Brasil ao desenvolver, nos anos 1970, uma agricultura tropical inexistente no mundo, baseada em ciência e tecnologia. O processo, para ele, foi tão bem-sucedido que, em meio à severa crise econômica enfrentada pelo país, o setor continua obtendo bons resultados e as perspectivas são promissoras. Para que siga registrando crescimento, ele destacou que o futuro do setor está no empreendedorismo e na necessidade de acompanhar a evolução do mundo. O produtor rural, em sua opinião, não deve se isolar no campo.

O café é responsável por cerca de 45% das exportações do agronegócio do estado, acumulando US$ 2,7 bilhões de janeiro a outubro de 2016. O principal país comprador foi a Alemanha, com aproximadamente 21% do total exportado.

Outro segmento que também teve destaque no agronegócio de Minas foi o sucroalcooleiro, puxado pelo bom preço do açúcar no mercado externo. Para se ter ideia, o setor exportou US$ 970,4 milhões e passou a ser o segundo colocado do ranking da balança comercial do agronegócio mineiro, entre janeiro e outubro de 2016. O crescimento, frente a igual período do ano anterior, foi de 50,7%. O açúcar foi o carro-chefe dos negócios internacionais. A soja, por sua vez, ocupou o terceiro lugar, com a movimentação de US$ 897,1 milhões para clientes de outros países nos primeiros 10 meses do ano passado. A alta foi de 5,3%.

Por causa da crise econômica e do aumento do desemprego, os segmentos de suínos e bovinos tiveram demanda menos aquecida no mercado interno. Mas a abertura do mercado dos Estados Unidos para a carne bovina in natura brasileira é um bom indicador para a conquista de novos mercados. Para a coordenadora da Assessoria Técnica da Faemg, Aline Veloso, é necessária uma aproximação mais forte com a China e com os Estados Unidos, que são estratégicos para os produtos pecuários. “Por serem muito exigentes, habilitam o Brasil a conquistar outros mercados”, observou.

Com relação ao leite, o ano foi considerado atípico, pois os preços pagos pelo litro ao produtor foram mais altos em quase todos os meses de 2016. Mas os aumentos de custos também observados em outros setores do agronegócio acabaram impedindo um ganho maior do pecuarista. De acordo com o presidente da Comissão Nacional da Bovinocultura de Leite da CNA e da Câmara Setorial de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Rodrigo Alvim, a alta nos preços de soja e do milho, bases para a ração animal, fizeram com que a renda da atividade não fosse tão boa. Outro ponto negativo considerado negativo para a pecuária leiteira foi a autorização do Mapa, para a reidratação do leite em pó, para produção de leites fluidos (UHT e barriga mole - saquinho) na área da Sudene.

A balança comercial da agropecuária de Minas, até outubro, atingiu US$ 5,7 bilhões e representou 45,8% das vendas externas do estado. Apesar do superávit de cerca de US$ 5,6 bilhões, as exportações do setor caíram 1,7% em relação aos primeiros 10 meses de 2015, enquanto as importações cresceram 12,7%, atingindo US$ 397,4 milhões, no mesmo período. O VBP (Valor Bruto da Produção), até outubro deste ano, ficou em R$ 62,34 bilhões, aproximadamente 15% maior que o registrado em igual período do ano passado.

(Fonte: Estado de Minas – 02/01)

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