01 de Julho de 2019
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O lançamento do primeiro carro brasileiro movido a álcool completa 40 anos. O pioneiro Fiat 147 com motor 1.3 começou a ser distribuído em julho de 1979.
Na época, apenas 16 postos ofereciam o combustível e ninguém o chamava de etanol. Os poucos carros que passavam pelos pontos de abastecimento eram os protótipos que pertenciam a autarquias e empresas estatais.
A história havia começado em novembro de 1975, quando o presidente Ernesto Geisel (1907-1996) assinou o documento que criou o Proálcool (Programa Nacional do Álcool). Era a alternativa brasileira ao petróleo, que se tornara mais caro e escasso após a crise de 1973.
As montadoras começaram a desenvolver seus protótipos, que rodavam em segredo. Porém, em setembro de 1978, a Fiat mostrou o talento dos italianos para ações de marketing. Durante a fase final de desenvolvimento, o 147 fez um rali do Chuí (RS) até Pacaraima (RR), fronteira do Brasil com a Venezuela.
A viagem de 12 dias e 6.800 quilômetros foi acompanhada ainda por duas motos Yamaha RS 125, que se perderam na história.
O abastecimento durante o percurso foi patrocinado pela Copersucar. A empresa, que era detentora de mais de 50% da produção de derivados da cana no país, criou o slogan “Carro a álcool: você ainda vai ter um”.
Relatos da viagem publicados na imprensa não mencionavam problemas para colocar o motor do Fiat em funcionamento. Contudo, é difícil acreditar que fosse fácil dar a primeira partida do dia em regiões com temperaturas baixas.
O carro já era equipado com o injetor elétrico que jogava um pouco de gasolina no carburador para ajudar a despertar a máquina.
Os postos BR com bombas de etanol foram inaugurados no início de maio de 1979. Além dos raros protótipos que apareciam para abastecer, veículos adaptados em pequenas oficinas tentavam a sorte com o novo combustível.
Havia também os curiosos, que misturavam um pouco de álcool à gasolina para ver o que acontecia.
A Fiat lançou seu 147 movido a etanol no meio desse alvoroço. Como bom brasileiro, logo ganhou um apelido: Cachacinha. Em seguida, chegaram as opções da concorrência: Volkswagen Fusca, Ford Corcel II e Chevrolet Opala.
Na época dos lançamentos, o litro do combustível derivado da cana custava a metade do preço da gasolina, que constantemente passava por períodos de vendas restritas.
A situação começou a mudar na segunda metade da década de 1980, quando 96% dos carros novos à venda no país eram movidos a álcool. As usinas tiveram problemas de crédito, desafiaram governos e a produção de combustível começou a rarear.
Enquanto faltava etanol nas bombas, o preço da gasolina se estabilizava no mundo. A década de 1990 viu a retomada do derivado de petróleo no Brasil.
O álcool só voltou a se destacar com a chegada do carro flex, em 2003. Dessa vez, o pioneirismo foi da Volkswagen, com o Gol 1.6.
O próximo capítulo dessa história será o lançamento do Toyota Corolla Hybrid Flex, que deve ocorrer entre setembro e outubro deste ano. Será o primeiro carro feito em série que poderá rodar utilizando gasolina, álcool e eletricidade.
Fonte – Eduardo Sodré (Jornalista especializado no setor automotivo) – FSP – 29/6
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