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Censo Agro/2017 - No campo do novo milênio, desafios do século passado

27 de Julho de 2018

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Cresceu a participação de mulheres e idosos entre os produtores agropecuários responsáveis pelos estabelecimentos rurais no país, segundo dados que constam do novo Censo Agropecuário divulgado na manhã de ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, as mulheres passaram a representar 18,6% dos produtores em 2017, ante 12,7% em 2006. Essa maior presença feminina na direção dos estabelecimentos é maior quando considerada a "codireção" - normalmente quando casais dividem as responsabilidades. Nesse caso, eram 1,7 milhão de mulheres no comando no ano passado, ou 34,7% do total.

A pesquisa do IBGE mostrou, ainda, um envelhecimento do produtor brasileiro. Pessoas de 35 a 44 anos representavam 18,3% do total de produtores rurais do país em 2017, ante 21,9% em 2006. Já os grupos mais velhos ficaram maiores: a participação de produtores de 45 a 54 anos de idade cresceu de 23,3% para 24,8%, a fatia entre 55 e 64 anos aumentou de 20,3% para 24% e o número de agricultores e pecuaristas com 65 anos ou mais passou a representar 21,4%, ante 17,5% em 2016.

"Os filhos dos produtores não querem ficar no interior, preferem ir para os grandes centros. Não querem ficar capinando, tirando leite. Têm outra percepção. Assim, o produtor envelhece", disse Antonio Florido, gerente do Censo Agropecuário de 2017.

Em que pese a flagrante modernização do campo nos últimos anos, o nível de escolaridade do produtor segue como um grande desafio no país. De acordo com o IBGE, do total de 5 milhões de produtores, 79,1% cursaram até o ensino fundamental, 15,5% nunca frequentaram a escola e 29,7% não passaram do nível de alfabetização. A baixa escolaridade tem relação com a histórica dificuldade de levar serviços públicos ao interior do país.

Outro desafio é coibir o trabalho de crianças na atividade-fim da agropecuária, mesmo que não remunerado. O censo mostra que 507 mil crianças de menos de 14 anos, com algum parentesco com o produtor responsável, atuaram nos estabelecimento agropecuário, com atividades físicas no próprio campo ou cuidando de alguma tarefa administrativa.

"Há crianças de 13 ou 14 anos que ajudam na atividade agropecuária, mas vão normalmente para a escola. Não podemos falar que são 507 mil crianças exploradas, já que existe uma relação de parentesco. Temos que avaliar o que ocorre em cada lugar. É algo típico de agricultura familiar", ponderou Antonio Florido.

Se consideradas as crianças sem laços de parentesco com o produtor responsável pela propriedade, havia 80.673 pessoas com menos de 14 anos ocupadas na agropecuária em 2017, considerando trabalhos permanentes, temporários ou parcerias.

A pesquisa do IBGE aponta ainda que no ano passado 45% dos produtores brasileiros eram brancos (2,29 milhões), seguidos de pessoas de cor parda (44%) e preta (8%). Os números não são muito diferentes do que os observados em geral na população do país. A população branca, por exemplo, responde por 43,6% da população nacional, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua do órgão.

Fonte: Valor Econômico – 27/07/2018

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