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Com baixa demanda, postos de Florianópolis desistem de vender etanol

22 de Junho de 2018

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Com menor procura por álcool nos postos de combustíveis, alguns estabelecimentos de Florianópolis estão desistindo do etanol ou reduzindo o número de bombas para o combustível feito de cana-de-açúcar.

O Jornal do Almoço, da NSC Comunicação, fez um levantamento com todos os 87 postos credenciados do sindicato de combustíveis de Florianópolis. Dos 54 que atenderam a reportagem, 12 desistiram do etanol. Ou seja, 22% deles não vendem mais o combustível.

A principal explicação está na baixa demanda. Quando o preço da gasolina sobe, o abastecimento com álcool volta a ser cogitado pelos consumidores. Mas a tentativa de driblar os reajustes nem sempre dá certo. A última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, entre os dias 10 e 16 de junho, mostra que o litro do etanol custa em média R$ 3,500 em SC, enquanto o de gasolina, R$ 4,283.

 Mesmo custando R$ 0,78 a menos e equivalendo a 81% do preço da gasolina, não compensa para o consumidor abastecer com álcool no Estado. A conta é simples: para o etanol ser vantajoso ele deve custar 70% do preço da gasolina ou menos. Isso por causa da relação energética dos dois combustíveis. Ou seja, se um carro roda 10 quilômetros com um litro de gasolina, andará só sete com um litro de álcool.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis), Lurran Nascimento de Souza, defende que são poucos estabelecimentos que não estão vendendo etanol na Capital. Acrescenta, no entanto, que os postos precisam pagar o produto à vista e demoram cerca de um mês para vender, o que torna, muitas vezes, inviável a oferta:

— É nítido que governo tem política mais voltada para derivados do petróleo. Por não ter incentivo tão grande a produtores de etanol e menos disposição no mercado, acaba ficando inviável para o consumidor, que opta por gasolina por ser mais barato.

Souza defende que, apesar de menor, ainda há demanda pelo etanol, principalmente de motoristas com carros mais antigos, os que querem limpar o motor e aqueles que querem priorizar um combustível mais ecológico, que polui menos.

Proprietário de uma rede de postos na Grande Florianópolis, Aldo Nienkötter diz que ficaram um bom tempo, quase um mês, sem receber etanol em função da greve dos caminhoneiros. Mas mesmo com os estoques regularizados desde o dia 15 de junho, a procura ainda é baixa.

Nienkötter conta que deixou de ofertar o combustível em uma das três unidades já no ano passado, porque a "venda era insignificativa". Nos outros dois, continua a oferecer, mas o volume é bem abaixo da gasolina:

— Nós temos postos que vendem 300 litros por dia de etanol, de gasolina vende muito mais.

O proprietário confirma que a baixa procura está relacionada com o preço. Em uma das unidades, vende o álcool a R$ 3,599 e gasolina a R$ 3,999. Ou seja, o preço do etanol representa 89% do valor da gasolina, sendo que para ser vantajoso seria necessário ser, no máximo, 70%. Nienkötter explica que a guerra de preços entre postos acaba puxando o valor da gasolina para baixo, o que não acontece com o álcool.

Em nenhum dos 20 municípios catarinenses que fazem parte da pesquisa da ANP vale a pena abastecer com álcool, se considerados os preços médios. Os que chegam mais perto de compensar são Mafra e Criciúma. Lembrando que para ser vantajoso, o etanol deve custar o equivalente a 70% ou menos do preço da gasolina. Nestes dois municípios chega a 75% e 76%, respectivamente. Em Florianópolis a relação é de 80%. Já Araranguá apresenta a menor diferença entre os dois combustíveis, com etanol equivalendo a 89% do preço da gasolina.

Fonte: Diário Catarinense – 21/06/2018

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