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Com demanda em alta, produção de etanol cresce 74% em Minas Gerais

23 de Julho de 2018

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O clima mais seco tem contribuído para o avanço da moagem da safra 2018/19 de cana-de-açúcar em Minas Gerais. De acordo com os dados da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), no encerramento de junho, a moagem estava 7% superior à registrada em igual período do ano passado, com o processamento de 24,79 milhões de toneladas de cana. Com preços mais competitivos que os da gasolina, o etanol hidratado segue com a demanda aquecida e a produção está 74% maior que a registrada no final de junho de 2017. Já a fabricação de açúcar está 17% menor, uma vez que os preços estão baixos.

Até o encerramento de junho, a moagem de cana já atingia 38,15% da produção prevista inicialmente para o Estado, que pode alcançar 65 milhões de toneladas. De acordo com o presidente-executivo da Siamig, Mário Campos, o clima seco e a falta de chuvas têm contribuído para o avanço da colheita e da moagem da cana, mas, também podem prejudicar a produtividade, inclusive da próxima safra.

"O clima nesta época é seco. Porém, neste ano, o período de chuvas encerrou mais cedo e a seca está mais rigorosa. A cana-de-açúcar é resistente, mas tem certo limite que, se ultrapassado, causa queda de produtividade agrícola. Estamos avaliando as condições dos canaviais e realizando uma nova estimativa de safra com tendência de queda no volume. Estamos preocupados em relação também ao ano que vem. Quando colhemos a cana, esperamos que a soqueira brote, o que pode ser prejudicado com o clima atual", explicou Campos.

Com a demanda elevada, a safra 2018/19 será mais voltada para a produção de etanol. Da previsão inicial de moer 65 milhões de toneladas de cana, 43% do volume será destinado à produção de etanol hidratado. Na safra anterior, a índice era de 27%. De acordo com os dados da Siamig, a produção de etanol hidratado, até o fechamento de junho, estava em 809,4 milhões de litros, alta de 74% frente à produção de 465,3 milhões de litros gerados em igual período da safra 2017/18.

Consumo

A demanda pelo biocombustível está elevada. Em Minas Gerais, segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no acumulado do ano até maio, o uso do etanol hidratado acumulava alta de 85%. Somente em maio, o consumo chegou a 153 milhões de litros, ante os 95,7 milhões registrados em igual mês de 2017, o que representa uma elevação de 53,87%.

"Estamos registrando um crescimento considerável no consumo do etanol hidratado. A demanda poderia ter sido maior, mas foi prejudicada pela greve dos caminhoneiros. O potencial de consumo projetado para maio era de 180 milhões a 190 milhões de litros, o que não foi alcançado em função da paralisação. Este número não será recuperado pelo setor. Ainda não temos os dados de junho, mas, conforme as informações das usinas, a demanda segue alta, principalmente, pelo preço do combustível estar em níveis mais competitivos que os da gasolina, ficando em torno de 63% do valor pago pelo combustível".

Além do período de safra, o que aumenta a oferta de etanol e permite preços mais competitivos, na última semana o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) redefiniu o Preço Médio Ponderado Final (PMPF) dos combustíveis para fins de tributação de ICMS. No caso do etanol, a cada litro, será cobrado R$ 0,49 de ICMS, ante o valor de R$ 0,54 registrado anteriormente. Já o valor do ICMS sobre o litro da gasolina subiu de R$ 1,44 para R$ 1,51.

"O preço do etanol tem o potencial de cair R$ 0,04 por litro na ponta, em função da redução do PMPF, o que é favorável para a competitividade frente a gasolina", disse Campos.

Reduções

Enquanto a produção de etanol hidratado está em alta, a fabricação de etanol anidro ficou 10% menor. No acumulado da safra até o final de junho, a produção mineira totalizava 324 milhões de litros ou 30,14% do projetado para a safra atual. A produção total de etanol está 38% maior e somou 1,13 bilhão de litros até junho.

Queda foi verificada na produção de açúcar. Até junho, a produção estadual acumulava queda de 17%, com a fabricação de 1,15 milhão de toneladas. O preço baixo praticado no mercado desestimulou os investimentos no produto. Neste ano, 38,67% da cana-de-açúcar a ser esmagada será destinada ao açúcar, índice que na safra anterior era de 51,04%.

Fonte: Diário do Comércio - 21/07/18

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