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Com queda nas vendas, postos parcelam combustível em até três vezes no cartão

18 de Dezembro de 2017

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O consumidor belo-horizontino já arca com um aumento de 15% no preço do litro da gasolina da primeira semana de julho até a segunda semana deste mês. Da mesma forma, no mesmo período, o óleo diesel teve um reajuste de 14,18% na capital mineira. No Estado, os aumentos foram de 14% para os dois produtos.

As altas praticadas nas bombas dos postos em Minas são reflexo da revisão da política de preços promovida pela Petrobras para acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações do petróleo e derivados, o que permite que a empresa faça reajuste ou reduções nos preços dos produtos quase que diariamente nas refinarias.

A queda na venda de combustíveis e a dificuldade enfrentada pelos consumidores para encher os tanques dos veículos têm levado postos da capital mineira a parcelar os combustíveis em até três vezes no cartão de crédito. O custo, no entanto, é cerca de R$ 0,10 maior por litro.

O reajuste de julho até agora no preço da gasolina é seis vezes maior do que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, de 2,5%. Em alguns postos da capital, a gasolina já é vendida por até R$ 4,299 e o diesel por R$ 3,321, o que tem levado muitos consumidores a reduzir a compra dos produtos.

“Para um consumidor que não teve aumento de salário ou que ficou desempregado, a alta dos combustíveis pesa muito”, afirma Feliciano Abreu, coordenador do site Mercado Mineiro.

Além de pesar no bolso dos consumidores, o reajuste quase diário dos combustíveis tem causado transtorno também para os donos de postos na capital mineira, que estão tendo que mudar constantemente os valores nas bombas e nas placas que informam os valores praticados.

 “A volatilidade é tão grande que, na hora que a gente pensa que vai subir, está caindo. Torna quase impossível uma gestão de preço”, afirma Bráulio Chaves, vice-presidente do Minaspetro, sindicato dos donos de postos de combustíveis.

Bráulio Chaves afirma que a demanda nos postos caiu para todos os combustíveis. “Com essa crise, o consumo de combustível tem caído significativamente. O consumidor está mais exigente e a concorrência cada vez mais acirrada”, diz.

A alta do diesel tem pesado também no frete, já que o combustível representa 40% do custo das transportadoras. “Isso é um prejuízo muito grande para a gente. Uma empresa com 200 clientes, por exemplo, não pode negociar todo dia. A política pode ser muito boa para a Petrobras, mas está penalizando os transportadores”, afirma Gladstone Lobato, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg). Ele aconselha a categoria a incluir gatilhos nos contratos para reajustes automáticos a cada 5% de valorização do preço médio do litro do óleo diesel.

Na maioria dos estabelecimentos, abastecer com etanol é vantajoso

Mesmo não tendo sido alcançado pela política de preços da Petrobras, o etanol também sofreu aumentos expressivos nos últimos meses. De julho até agora, a elevação no preço do litro do produto já chega a 12,5% em Belo Horizonte. Já no Estado, no mesmo período, a alta foi de 11,7%. No acumulado do ano, o combustível ainda registra redução média 3,5% na capital mineira e de 2,75% em Minas Gerais.

De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), na maioria dos postos da capital ainda tem sido mais vantajoso abastecer com álcool do que com a gasolina. O etanol deve estar custando até 70% do valor do derivado do petróleo. Os postos são obrigados a trazer essa informação clara e em local visível para o consumidor.

No entanto, caso o motorista não encontre nenhum placa com essas informações, pode fazer uma conta simples para ver se compensa abastecer com álcool. Para isso, basta pegar o preço da gasolina e multiplicar por 0,70. Ou seja, se o derivado do petróleo custa R$ 4,00 o litro, só vale a pena abastecer com etanol se posto estiver vendendo o litro do produto por até R$ 2,80.

Motorista do Uber, Bruno César, 22 anos, afirma que parou de abastecer com álcool e, atualmente, está preferindo colocar gasolina aditivada no carro. “Perto da minha casa, a diferença da aditivada para a gasolina normal é de R$ 0,01. Então, para mim compensa”, conta, lembrando que o preço alto tem reduzido o faturamento diário.

O administrador Ernesto Lage, 43 anos, utiliza o álcool apenas para viagens. “A gasolina rende mais na cidade”, explica. Segundo ele, com os preços mudando todo o dia, só abastece em postos que conhece e cujos preços são mais vantajosos. “Não compensa rodar para encontrar o mais barato”, avalia.

Segundo Mário Campos, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), o recente aumento no preço do etanol se deve à entressafra. Em relação à queda anual, ele explica que isso só aconteceu devido à boa safra neste ano.

 “Nossa expectativa é a de que o verão tenha uma quantidade de chuvas dentro da normalidade. Se isso acontecer, teremos uma safra muito parecido com este ano, que possibilitará uma recuperação econômica para nosso setor”, avalia.

Para o economista Feliciano Abreu, a alta no diesel e da gasolina puxaram a demanda para o etanol. “O cliente está consumindo mais etanol, mas por falta de opção”, explica.

Fonte: Hoje em Dia – 18/12/17

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