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Combustíveis ficam mais caros após greve de caminhoneiros

06 de Junho de 2018

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Depois da greve dos caminhoneiros, na média, os combustíveis ficaram mais caros. E isso aumentou o interesse dos motoristas brasileiros pela diferença de preços entre álcool e gasolina.

O sonho de pagar bem pouco para abastecer se realizou nesta terça-feira (5) em São Paulo. Na décima edição do Dia da Liberdade de Imposto, o posto que costuma cobrar R$ 4,27 pelo litro da gasolina, vendeu o combustível pelo valor, que segundo os organizadores, está livre de imposto: R$ 1,98. "Não tinha noção que nós pagávamos tudo isso de impostos", diz o motorista.

No dia a dia, a realidade é outra. "Os preços subiram mais do que estavam antes da greve", afirma a motorista.

O levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em todo o país mostrou que, na semana passada, o litro da gasolina foi vendido em média por R$ 4,614, R$ 0,18 a mais do que na semana anterior, quando começou a greve dos caminhoneiros. O preço médio do etanol subiu de R$ 2,818 para R$ 2,953 no mesmo período. A pesquisa também mostra uma diferença grande de preço entre os dois combustíveis: R$ 1,66.

Num posto de São Paulo, o preço do etanol é quase metade do da gasolina. "O etanol está bem mais vantajoso", diz o motorista.

O descolamento dos preços entre os dois combustíveis começou em abril. O etanol caiu com o início da safra da cana. O setor deve produzir três bilhões de litros a mais em 2018. Já a gasolina vem subindo junto com o barril do petróleo no mercado internacional desde que a Petrobras adotou a nova política de preços.

Esse aumento da diferença entre etanol e gasolina levanta aquela velha dúvida: quando vale a pena abastecer com um combustível ou com outro. Os engenheiros dizem que, em média, o etanol é vantajoso quando custa até 70% do valor da gasolina, mas esse número varia de carro para carro.

Henrique Pereira, especialista em motor, explica que o ideal é que o próprio motorista faça o teste do seu carro rodando só com etanol e depois só com gasolina. Aí é só dividir o rendimento de um pelo outro. Se o número chegar a 75%, por exemplo, é esse percentual que você deve levar em conta quando parar no posto.

"O álcool geralmente te traz uma performance um pouco melhor, tem um pouco mais de torque e um pouco mais de potência, o que significa que você tem um carro mais rápido quando alimentado com álcool. Em compensação, o álcool consome mais, então vai ter uma diferença, você vai conseguir um pouquinho mais de performance nesse carro, porém com consumo maior", explica Henrique Pereira, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade.

Usando o número médio de 70%, só em São Paulo, Minas, Goiás, Mato Grosso e Paraná, o preço do etanol é atraente. O Rio de Janeiro fica no limite, 71%. Nos outros 20 estados e no Distrito Federal, o etanol é bem mais caro. Chega a 86% do valor da gasolina no Pará e no Maranhão.

Os produtores de etanol dizem que a diferença tem a ver com custos de transporte e impostos. Em São Paulo, a alíquota do ICMS é 12%; no Rio Grande do Sul, 30%.

"Nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, eles privilegiam basicamente o incentivo ao etanol, dando um diferencial de ICMS entre gasolina e etanol, fazendo com que o etanol fique competitivo", destaca Pedro Mizutani, presidente do conselho da Única.

O economista Everton Carneiro, da RC Consultores, lembra outro fator que influencia o preço: "de modo geral, a tendência do etanol é acompanhar os preços da gasolina. Conforme os preços da gasolina aumentam, a tendência do etanol é subir até para os produtores aumentarem sua margem de lucro".

Mesmo em São Paulo, onde o etanol é vantajoso, a gasolina reina absoluta. "Vendo mais gasolina percentualmente. Percentual meu é de 68% de gasolina contra 32% no etanol", revela Filippe Rafael, dono de posto.

E o que explica esse comportamento? Às vezes, é só uma questão de tecnologia.

Confira a reportagem completa exibida ontem (5) pelo Jornal Nacional, clicando AQUI.

Fonte: Jornal Nacional - Rede Globo - 05/06/18

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