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Commodities: nova baixa do petróleo pressiona agrícolas

22 de Abril de 2020

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O segundo dia de queda acentuada nos preços do petróleo pressionou todos os ativos de risco e, como não poderia deixar de ser, provocou baixas nos contratos futuros de agrícolas negociados em Nova York.

Os destaques foram os papéis de algodão e açúcar, fortemente afetados pelo preço do combustível fóssil. Café e cacau também foram influenciados.

O maior choque dos últimos dois dias ocorreu no petróleo WTI, que representa o mercado americano, mas o Brent — referência internacional, que baliza os preços no Brasil — também teve importantes perdas. No fechamento, o WTI para junho (o mais líquido) caiu 43,63%, para US$ 11,57 o barril. O Brent, 24,4%, para US$ 19,33.

Para o açúcar, a queda do petróleo no mercado internacional dificulta a manutenção da competitividade do etanol no Brasil, estimulando as usinas a migrarem suas indústrias para a produção do adoçante ao máximo possível.

No retrato desse movimento, ontem, o escritório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) no Brasil divulgou sua estimativa para a produção nacional de açúcar na safra atual em 39,48 milhões de toneladas, praticamente 10 milhões de toneladas mais que na safra passada. Para a produção de etanol, o escritório do USDA estimou 28 bilhões de litros, redução de 19,8%.

Dessa forma, os lotes do açúcar para julho (os mais negociados) terminaram o dia a 10,01 centavos de dólar a libra-peso, com perda de 2,4% ou 25 pontos.

No caso do algodão, o petróleo mais barato eleva a competitividade dos tecidos sintéticos frente aos naturais. Além dessa questão, o fato de o plantio nos EUA estar ocorrendo sem transtornos também pressiona os preços da fibra na bolsa. De acordo com USDA, 11% da área para 2020/21 havia sido semeada até domingo, ante 8% no mesmo período do ciclo passado e 9% da média histórica. Os lotes de algodão para julho recuaram 1,31% (71 pontos), a 53,31 centavos de dólar a libra-peso.

No acompanhamento dos demais mercados agrícolas, os futuros de café arábica caíram 3,3% (375 pontos), para US$ 1,115 a libra-peso. E os lotes de cacau de mesmo vencimento, 1,69% (US$ 40), para US$ 2.318 a tonelada.

Ambos foram influenciados pela alta do dólar ante outras divisas, nesse dia de aversão ao risco. Mesmo sem o mercado brasileiro de câmbio aberto devido ao feriado no país, traders disseram à Dow Jones Newswires que o real deve cair amanhã e isso já está sendo precificado pelos investidores do grão.

Do lado dos fundamentos, os traders de cacau esperam os dados de moagem da Associação Europeia de Cacau, que serão divulgados amanhã. Os dados cobrem o primeiro trimestre e incluirão apenas um período pequeno de bloqueio no continente, mas deverão mostrar um declínio na moagem, afirmou o Rabobank em relatório da semana passada. Na América do Norte, a moagem caiu 5% no primeiro trimestre, enquanto na Ásia, 0,5%.

 

Fonte:  Valor - 21/04 




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