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Compra da Ale pela Ipiranga reprovada por unanimidade

03 de Agosto de 2017

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprovou ontem por unanimidade a compra da rede de postos de combustíveis Ale pela Ipiranga. Foi o segundo caso relevante barrado pelo neste ano – em junho, o Cade reprovou a compra da Estácio pela Kroton.

A Ipiranga anunciou a compra da Ale em junho do ano passado, por R$ 2,17 bilhões. Porém, a possibilidade de reprovação sempre foi considerada por fontes próximas ao caso. Em parecer publicado em fevereiro, a Superintendência Geral do Cade concluiu que a compra poderia resultar em elevação de preços na distribuição e na revenda de combustíveis.

Essa alta nos preços dos combustíveis ocorreria em função “do aumento do poder de mercado da Ipiranga e da elevação da possibilidade de atuação coordenada das empresas do setor”, dominado por quatro companhias: BR Distribuidora; Raízen, da Shell e Cosan; Ipiranga; e Ale.

As quatro já são responsáveis por 75,9% do setor de distribuição. A compra da Ale pela Ipiranga reduziria de quatro para três o número de grandes distribuidoras no mercado. A nota técnica aponta para “concentração elevada” nos mercados de distribuição e revenda de combustíveis.

O relator João Paulo Resende votou ontem contra a operação por entender que o único remédio que garantiria a concorrência no mercado de combustíveis após a fusão seria a venda completa das operações da Ale em 12 Estados, o que não interessou às empresas. “A única possibilidade seria alienar todos os ativos relevantes da Ale nos mercados problemáticos”, afirmou.

Se a restrição aventada pelo relator fosse seguida, a Ipiranga teria que vender 65% das operações da Ale, o que, de acordo com Resende, não interessou às empresa. Na segunda-feira, elas apresentaram uma contraproposta de acordo, que o relator considerou insuficiente para sanar riscos concorrenciais. Segundo ele, o foco do texto era a revenda, e não a distribuição, que Resende avaliou ser o mais problemático. Para o relator, seria inócuo a venda apenas de contratos de distribuição, como propuseram as empresas, sem vender postos de revenda.

No início do julgamento, o advogado Mário André de Cabral, da Refinaria de Manguinhos, concorrente da Ale e da Ipiranga, defendeu que a operação fosse reprovada pelo órgão regulador. Ele afirmou que o negócio é um risco para os postos de bandeira branca, já que a Ale tem como parte de sua estratégia comercial o fornecimento de combustível a esses postos.

Presença

2000. número aproximado de postos da Ale no país. 4º. lugar é a posição da rede no ranking das distribuidoras. 270. lojas de conveniência da Ale estão espalhadas pelo Brasil

Companhia ressalta força da marca

A Ale comunicou, ontem, em nota, a decisão do Cade de não aprovar a venda para a Ipiranga. A empresa diz que a decisão chancela a história de sucesso da Ale ao longo dos seus 21 anos de atuação no mercado de combustíveis e comprova a força da rede e da marca.

“A Ale está, coesa, bem posicionada e sólida e conta com o comprometimento de sua equipe de profissionais e dos seus acionistas para dar continuidade aos seus negócios, à prestação de serviços de alta qualidade e à excelência no relacionamento com a revenda, com os fornecedores e demais parceiros”, diz a nota.

(Fonte: O Tempo - 03/08/17)

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