21 de Dezembro de 2018
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Problemas climáticos e redução dos investimentos sobretudo em alguns polos do Sudeste levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir sua estimativa para a produção de cana-de-açúcar no Brasil nesta safra 2018/19, que começou em abril.
Segundo a estatal, o volume alcançará 615,8 milhões de toneladas, com quedas de 3,1% em relação ao previsto em agosto e de 2,8% na comparação com o resultado final do ciclo 2017/18. Do total, o Centro-Sul deverá representar 566,9 milhões de toneladas, uma baixa de 3,7%, e a região Norte/Nordeste responderá por 48,9 milhões de toneladas, 9,7% mais que no ciclo passado.
As intempéries no Sudeste "aparecem" nas estimativas da Conab para a produtividade média das lavouras. No Centro-Sul, onde a área de produção caiu 1% em 2018/19, para 7,8 milhões de hectares, o rendimento recuará 2,7%, para 73.084 quilos por hectare. No Norte/Nordeste, que teve área 1,6% menor (877,3 mil hectares), haverá aumento de 11,5%, para 55.781 quilos por hectare.
A devolução de terras arrendadas é apontada pela Conab como uma das causas para a redução das áreas de produção nas duas macrorregiões. "E o envelhecimento das lavouras, a baixa taxa de renovação, a falta de investimento em algumas regiões e a redução do pacote tecnológico têm mantido as médias brasileiras inferiores a 80 mil quilos por hectare", diz relatório divulgado ontem pela estatal. Na média, a produtividade nacional deverá registrar baixa de 1,7%, para 71.326 quilos por hectare.
A Conab também confirmou que a maior parte da colheita de cana deverá ser destinada à produção de etanol, que durante a maior parte do ano remunerou melhor as usinas do que o açúcar, cujas cotações internacionais permaneceram em baixos patamares. No Centro-Sul, a fabricação do bicombustível deverá somar 30,2 bilhões de litros na safra 2018/19, 18,5% acima do volume da temporada passada, ao passo que no Norte-Nordeste o incremento deverá chegar a 20%, para 2,1 bilhões de litros.
"Diferentemente do açúcar, que tem sua comercialização pautada em contratos futuros, o etanol permite que a unidade de produção [usina] aumente o fluxo de caixa com maior rapidez, uma vez que a comercialização é praticamente instantânea. O pagamento é realizado tão logo o combustível é entregue na distribuidora", aponta o relatório.
Com o movimento, mais nítido entre as usinas do Centro-Sul, a produção brasileira de açúcar deverá recuar 16,2%, para 31,7 milhões de toneladas. No próprio Centro-Sul a queda será de 17,6%, para 29,1 milhões de toneladas, que nem de longe poderá ser compensada pela alta de 3,6% projetada pela Conab para o Norte/Nordeste, onde o volume poderá alcançar 2,6 milhões de toneladas.
Levantamento divulgado também ontem pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostrou que, no Centro-Sul, a moagem nesta safra 2018/19, de 1º de abril à primeira quinzena de dezembro, atingiu 556,9 milhões de toneladas, 4,1% menos que em igual intervalo da temporada 2017/18. Na mesma comparação, a produção de açúcar 26,7%, para 26,2 milhões de toneladas, e a de etanol registrou alta de 18,9%, para 29,8 bilhões de litros.
Ainda de acordo com a Unica, 72 usinas encerraram os trabalhos da safra na primeira quinzena deste mês, ampliando o número total de unidades já com as portas fechadas para 205. Isso não significa, é claro, que as vendas de açúcar e etanol serão paralisadas. Para a entressafra do Centro-Sul, que vai até o primeiro trimestre do ano que vem, muitas usinas fizeram estoques de etanol para aproveitar o bom momento do mercado, no qual a demanda permanece aquecida.
Valor Econômico - 21/12/2018
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