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Conferência do clima deve discutir novas metas

29 de Novembro de 2019

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A nova rodada da conferência do clima começa na segunda-feira, em Madri, com a missão de discutir aumento da ambição das metas de corte de gases-estufa e dos financiamentos climáticos de um lado, e concluir o livro de regras do Acordo de Paris de outro. Assuntos que interessam ao Brasil estarão na mesa: como reposicionar créditos de carbono do passado para o futuro e como inserir as florestas nos novos mecanismos financeiros.

A aposta de delegados e observadores ouvidos pelo Valor é que o controverso artigo 6, que trata de mecanismos de mercado para ajudar economias a se descarbonizarem, terá ao menos um acerto político ao final. “O Brasil parece estar flexibilizando sua posição”, diz uma fonte. Na rodada anterior, na Polônia, em 2018, a delegação brasileira travou a negociação, que foi adiada para a CoP 25.

O comportamento do Brasil, que estreia nas CoPs sob o governo de Jair Bolsonaro, desperta curiosidade, assim como os movimentos dos dois maiores emissores globais - os Estados Unidos de Donald Trump, que anunciou o início do processo formal de saída do Acordo de Paris, e a China, que pode (ou não) ocupar o papel de liderança mundial.

Alguns observadores acreditam que a guerra comercial EUA-China está afetando Pequim. O país estaria sendo forçado a abandonar alguns programas de energia limpa e voltar a colocar o carvão no foco da política energética.

O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles chefiará a delegação brasileira. Estará em Madri durante as duas semanas. O ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque irá para o “Energy Day” promovido pela UE. O ministério da Agricultura deve enviar dez representantes.

Os governadores da Amazônia Legal farão um evento para apresentar seu plano de desenvolvimento sustentável, assim como a Frente Nacional de Prefeitos. “Estamos curiosos. Será interessante ver o que estas outras vozes do Brasil irão dizer e como irão se posicionar em relação ao governo federal”, diz um delegado europeu.

Durante duas semanas estarão reunidos no centro de convenções conhecido por “Feria de Madrid” delegados de 196 países mais o bloco europeu. A CoP 25 é uma reunião agitada antes de acontecer. Era para ser no Brasil, mas Bolsonaro retirou a candidatura que migrou para o Chile. A turbulência política dos últimos meses fez com que o presidente Sebastián Piñera desistisse de sediá-la.

A Espanha ofereceu abrigo e a ONU preparou Madri em tempo recorde com ajuda do Canadá, Finlândia, Alemanha, Japão, Luxemburgo e Suécia. Piñera anunciou que não irá à CoP 25.

O secretário-geral da ONU António Guterres tem dito que a CoP 25 é sobre “ambição, ambição, ambição”. Ele deve pedir novamente que não se inaugurem novas térmicas a carvão a partir de 2020, que os subsídios aos combustíveis fósseis sejam abandonados (calcula-se que estejam em torno a US$ 5,1 trilhões), que os países melhorem as metas climáticas para 2020 e os planos de neutralidade em carbono para 2050.

A Aliança pela Preservação das Florestas Tropicais, iniciativa francesa, colombiana e chilena lançada na Semana do Clima de Nova York, em setembro, deve avançar mais um passo. Os organizadores imaginam um novo mecanismo, que não seja apenas um fundo tradicional, mas uma espécie de “hub”. de projetos que pode combinar fundos privados e públicos.

Além de Gutérres, a premiê alemã Angela Merkel deve ir a Madri. O presidente francês Emmanuel Macron era aguardado, mas com o desastre no Máli que matou há poucos dias 13 soldados franceses em uma colisão entre helicópteros, deve ser substituído pelo primeiro-ministro Édouard Philippe. “Temos que avançar, esta é uma CoP importante. Ela tem que confirmar a mobilização internacional pelo clima”, diz um delegado.

Fonte: Valor Econômico – 29/11/19

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