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Custo de exportação de açúcar sobe 17%

27 de Fevereiro de 2018

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Os custos para a exportação de açúcar em contêineres no Porto de Santos ficaram 17,4% mais altos no ano passado, na comparação com 2016. O aumento foi verificado nas despesas com tributos, transportes, mão de obra e segurança. O temor de empresas do setor é que esse encarecimento leve a uma fuga de cargas do complexo marítimo.

O dado faz parte de um levantamento da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC). O estudo levou em conta os custos de cada fase do processo de exportação do açúcar, incluindo a chegada da carga no terminal retroportuário, a estufagem (carregamento) dos contêineres, os encargos administrativos, operacionais e tributários e até o custo do transporte do cofre cheio ao terminal portuário.

De acordo com a ABTTC, em 2016, o custo para o embarque de um contêiner carregado com açúcar era de R$ 1.277,92. Neste ano, a despesa saltou para R$ 1.499,72. Uma parcela de 74,7% deste valor é referente a encargos tributários, contratação de transportadores autônomos e pagamento de mão de obra especializada na estufagem, realizada por trabalhadores avulsos vinculados ao Sindicato dos Movimentadores de Mercadorias e Cargas em Geral de Santos e Região (Sintrammar).

A carga tributária é um dos fatores responsáveis pelo aumento do custo da exportação. Segundo o levantamento, a variação desse encargo foi de 39%. Em 2016, esses encargos no embarque de um contêiner de açúcar eram de R$ 153,69. No ano passado, saltaram para R$ 213,71.

Segundo o levantamento, o custo do serviço de transporte representou 33,7% do total gasto para a exportação de um contêiner. Nos últimos dois anos, essa despesa saltou de R$ 465,39 para R$ 505,77, uma variação de 8,7%.

De acordo com o diretor-executivo da ABTTC, Wagner Rodrigo Cruz de Souza, a contratação de motoristas autônomos representa a maior parte das despesas com transportes.

Segurança

No ano passado, a Alfândega do Porto de Santos determinou a instalação de câmeras para o monitoramento das operações de estufagem nos Recintos Especiais para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex) da região. A norma ainda determina o rastreamento das cargas até os terminais.

De acordo com Souza, essas exigências visam evitar o tráfico internacional de drogas no cais santista, mas também ampliam os custos operacionais. Em uma análise inicial, a estimativa é que as medidas de segurança representem um custo adicional entre R$ 70,00 e R$ 90,00 por contêiner movimentado.

Ainda se estuda instalar lacres eletrônicos, que além de garantir a segurança da carga, irá rastreá-las. O novo sistema está em fase de testes.

"A solução que está sendo trabalhada pela ABTTC trará uma melhor gestão das cargas transitadas em Redex, oferecendo informações à Alfândega do Porto de Santos em tempo real, podendo auxiliar a Autoridade Aduaneira na tomada de decisões e no gerenciamento de riscos da carga, haja vista que o processo proposto é totalmente automatizado e reduz drasticamente a interferência humana no processo. A solução já foi apresentada à Alfândega, que recebeu com entusiasmo a solução".

Economista teme fuga de mercadorias

Os custos das operações no Porto de Santos podem causar uma fuga de cargas para outros complexos portuários, principalmente no caso de mercadorias conteinerizadas, foco da pesquisa da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC). A opinião é do economista Helio Hallite.

"Esse aumento de 17,4% nas despesas para a operação do açúcar em contêineres no Porto de Santos acende um sinal amarelo na custo logístico. Quando a gente fala em Custo Brasil, a prioridade tem que ser reduzir essa cifra", destacou o economista, especialista em comércio exterior.

Segundo Hallite, a saída encontrada por exportadores para driblar os custos pode ser o abandono do Porto de Santos. Isto porque os preços de commodities como o açúcar são definidos em bolsas de valores internacionais. Assim, essas despesas extras não podem ser repassadas.

"A conta da despesa só vai aumentando. Os tributos aumentam e não são providenciadas soluções de mobilidade para tornar esse transporte mais ágil ou mais barato, por exemplo", advertiu o especialista.

O economista aponta ainda as vantagens de se incentivar operações de commodities em contêineres.O motivo é que elas agregam valor às trocas comerciais, são mais versáteis e mais limpas.

Já o economista Jorge Manuel Ferreira tem opinião diferente. Apesar da alta nas despesas para os exportadores que utilizam o Porto de Santos, ele acredita que o cais santista manterá o papel de destaque no comércio exterior brasileiro. Se, por um lado, os custos estão mais altos, por outro a localização privilegiada e o grande fluxo comercial facilitam a logística das operações com contêineres.

"O Porto de Santos opera grande quantidade de cargas tanto para embarque, como para desembarque. Isso facilita o frete de retorno, no caso dos contêineres. Eles podem vir cheios e voltar vazios porque há demanda para isso", destacou Ferreira.

O economista aponta a alta carga tributária e o crescente custo para a contratação de mão de obra. Mas, nestes dois casos, as despesas são as mesmas enfrentadas por exportadores e importadores em outros complexos portuários.

Fonte: A Tribuna - 26/02/2018

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