28 de Outubro de 2020
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As usinas brasileiras caminham para mais uma safra açucareira no ciclo 2021/22, que começa em abril, mas desta vez com o clima como adversário. Com os efeitos negativos da seca e dos incêndios nos canaviais neste ano, a consultoria Datagro estimou ontem, em evento online, que a produção de açúcar será 2 milhões de toneladas menor do que na temporada atual - mas ainda assim historicamente elevada -, de 39,7 milhões de toneladas.
Essa redução está prevista para ocorrer apenas no Centro-Sul, mais afetada pelo clima este ano, onde a produção deverá ficar em 36 milhões de toneladas. Para a temporada atual (2020/21), a Datagro ajustou sua estimativa para 41,65 milhões de toneladas no Brasil, das quais 38 milhões de toneladas deverão provir do Centro-Sul, novas máximas históricas.
O clima deste ano, que além de ter afetado as lavouras comprometeu a capacidade de investimento na renovação dos canaviais do Centro-Sul, deverá resultar em uma produtividade menor em 2021/22. Com isso, a Datagro estimou que a moagem de cana no país deverá diminuir 20 milhões de toneladas, para 630 milhões, sendo que o Centro-Sul tende a responder por toda essa redução e alcançar 575 milhões de toneladas processadas.
Para compensar a produção menor, o preço deverá favorecer a geração de caixa das usinas. Se o câmbio e, mais recentemente, a elevada posição comprada dos fundos vêm garantindo preços recorde em reais para as companhias, o segmento deverá continuar surfando em uma onda de preços remuneradores nas próximas duas safras, tanto em açúcar como em etanol, segundo a consultoria.
Por enquanto, do açúcar VHP está oferecendo uma remuneração cerca de 300 pontos acima do etanol hidratado - ontem, os contratos para março de 2021 fecharam em 14,83 centavos de dólar a libra-peso na bolsa de Nova York.
Nesse cenário, as usinas seguem maximizando a produção de açúcar em detrimento do etanol, o que deverá perdurar tanto no fim do período de moagem desta safra como na próxima, segundo Plinio Nastari, presidente da Datagro. A consultoria estima que 46,88% da cana da próxima safra deverá ser destinada ao açúcar, em linha com o patamar da temporada atual.
A produção de etanol, por sua vez, deverá sofrer uma queda ainda maior que a de açúcar, compensada em parte pelo crescimento esperado para a produção a partir do milho. A Datagro prevê uma nova redução na produção nacional em 2021/22, para 30,9 bilhões de litros - 700 milhões a menos que o esperado para a safra atual e 4,7 bilhões de litros abaixo de 2019/20. Para o Centro-Sul, a estimativa é que a produção total fique em 28,8 bilhões de litros.
Essa redução, porém, ainda poderá se aprofundar caso os preços do milho continuem batendo recordes, o que encarece a produção para quem usa o grão na destilação e pode acabar desestimulando alguns produtores, sobretudo nas usinas “flex” (que usam tanto cana como milho). “Pode ser que a queda na produção de etanol de milho seja maior, de 1 bilhão a 1,1 bilhão de litros”, disse Nastari.
A remuneração do etanol, por sua vez, tende a se aproximar da remuneração do açúcar, sinalizou o presidente da Datagro. Para a próxima safra, os preços médios de açúcar foram fixados entre R$ 1.350 a R$ 1.550 a tonelada, e para a temporada seguinte os valores fixados até agora estão até maiores.
Fonte: Valor Econômico – 28/10
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