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Decisão da Opep equilibra consumo e oferta de petróleo

26 de Junho de 2018

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A decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de se limitar às cotas de produção definidas há quase dois anos garante que não haja exagero por excesso, nem por omissão, opinam especialistas. Ao mesmo tempo, se a determinação for cumprida, os países podem garantir o fornecimento mundial de petróleo sem comprometer o consumo ou reduzir suas receitas por causa dos preços.

Ontem, contudo, com a resolução mais clara tanto dos membros do cartel quanto da Rússia, a cotação da commodity reagiu negativamente apesar de boa parte do aumento na oferta já estar na conta prévia dos investidores. O barril do Brent com vencimento em agosto caiu 1,1%, para US$ 74,73. O WTI do mesmo mês fechou em queda de 0,70%, para US$ 68,08.

No entanto, para o Credit Suisse, a decisão é melhor do que se esperava. Os analistas calculam que o consenso do mercado girava em torno de 1,2 milhão de barris por dia de expansão na produção, sendo que o acordo significa aumento de 1 milhão de barris. O volume acertado é exatamente o quanto a instituição projeta existir de déficit no mercado internacional.

O Credit ainda aposta em nível de US$ 71 para o Brent e de US$ 66 para o WTI no fim do ano, principalmente porque o efeito imediato que espera é de avanço em apenas 600 mil barris na produção. Para o banco, ainda haverá um saque de 500 mil barris diários nos estoques no segundo semestre.

O Bank of America Merrill Lynch (BofA) também previa aumento em 1,2 milhão de barris. A instituição ressalta que muitos membros da Opep não conseguirão acelerar a atividade de extração e uma ociosidade do parque é estrutural, pela falta de investimento nos últimos anos. Até o segundo trimestre de 2019, o BofA estima que o Brent atinja US$ 90.

Em relatório, a consultoria Wood Mackenzie, especializada no setor, comenta que a decisão da Opep ajuda a diminuir a instabilidade do mercado internacional e, consequentemente, a impedir movimentos bruscos na cotação. Para Ann-Louise Hittle, vice-presidente para análise do setor, encontrou-se o equilíbrio entre atender aos consumidores, que reclamavam da commodity mais cara, e ao balanço fiscal dos países produtores.

Mesmo os especialistas mais pessimistas não creem em grande excesso de oferta com a decisão da Opep e de seus aliados. Thomas Pugh, economista da Capital Economics, declara que o aumento de 1 milhão de barris deixa o mercado "bem suprido". Países como Venezuela, Irã e Angola, por exemplo, dificilmente terão como elevar a oferta, então a situação só se complicaria no ano que vem, com a desaceleração da demanda mundial.

A projeção oficial da Capital Economics para o preço do Brent no fim de 2018 é de US$ 65. "Mas se houver uma queda muito forte na produção de Irã e Venezuela, certamente haverá um repique para cima nesse nível", conclui Pugh.

Fonte: Valor Econômico - 26/06/2018

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