Notícias

Desequilíbrio entre oferta e demanda derruba petróleo

19 de Dezembro de 2018

Notícias

Os preços do petróleo tiveram fortes quedas ontem, uma vez que os cortes nas cotas de produção anunciadas pelos maiores produtores mundiais, liderados por Arábia Saudita e Rússia, não foram suficientes para mitigar o temor de que o mercado volte a sofrer de excesso de oferta, em razão da alta produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos.

O temor de que uma possível desaceleração econômica mundial enfraqueça a demanda por petróleo também agravou as preocupações de que os cortes na oferta não sejam suficientes para sustentar as cotações.

A desvalorização do petróleo chega em meio a uma onda de vendas nos mercados acionários mundiais, afetados pela continuidade dos receios quanto ao impacto da disputa comercial entre EUA e China no crescimento da economia mundial.

"Os preços continuam em queda livre", disse Carten Fritsch, do Commerzbank. "O efeito dos cortes anunciados na produção depois do encontro [no início do mês] da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] evaporou-se inteiramente."

O barril de petróleo do tipo Brent, referência internacional da commodity, caiu 5,62% em Londres, cotado a US$ 56,26. O barril do tipo West Texas Intermediate, referência americana, fechou em queda de 7,17%, a US$ 46,60.

Os maiores produtores do mundo acertaram corte de 1,2 milhão de barris em suas cotas de produção diária para estancar a queda de mais de 30% nas cotações acumulada desde a marca de US$ 86 por barril atingida em outubro. A decisão de reduzir a oferta veio em contraposição ao presidente dos EUA, Donald Trump, que havia pedido à Opep para manter a produção elevada e os preços, baixos.

Apesar dos cortes, a Arábia Saudita vem produzindo volumes recorde, acima de 10 milhões de barris por dia desde julho. Além disso, os EUA decidiram isentar alguns compradores de petróleo iraniano das sanções econômicas contra Teerã, permitindo a entrada de mais petróleo no mercado do que se antecipava.

Ainda assim, a produção e as exportações do Irã acabaram encolhendo. O mesmo aconteceu com outros produtores, como a Venezuela, que viram sua oferta diminuir por problemas locais. A produção e as exportações do maior campo de petróleo da Líbia, El Sharara, estão suspensas por problemas de segurança.

Isso, porém, não foi suficiente para firmar as cotações do petróleo, como esperavam os maiores produtores mundiais, que dependem das receitas da commodity para sustentar suas economias.

Dados do Departamento de Energia dos EUA mostraram que o país superou Rússia e Arábia Saudita como maior produtor mundial de petróleo. A produção americana atingiu o recorde semanal de 11,7 milhões de barris por dia.

O quadro geral alimentou dúvidas quanto à efetividade do recente corte das cotas de produção e deixou analistas e operadores se perguntando até quando a Opep e seus aliados vão estar dispostos a continuar contendo sua produção para beneficiar rivais dos EUA.

Agentes do mercado também questionam até que ponto a Rússia vai diminuir sua produção, depois de o país ter atingido produção recorde em dezembro, superior a 11,4 milhões de barris por dia.

Valor Econômico - 19/12/2018

Veja também