05 de Junho de 2020
Notícias
“Espera-se que até o final do ano esteja concluído o processo de regulamentação do diesel verde”, afirmou José Gutman, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta quinta (4), durante webinar de lançamento da Biocoalizão — iniciativa que reúne entidades representativas dos biocombustíveis e políticos da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel e da Valorização do Setor Sucroenergético.
Gutman explicou que a pandemia de covid-19 forçou a ANP a suspender desde 16 de março as consultas e audiências públicas necessárias para dar andamento na agenda regulatória, mas trabalho deve ser retomado no no “curtíssimo prazo”.
Nesta quinta (4), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) negou a proposta de antecipação B13. O setor pedia a antecipação do percentual mínimo obrigatório de biodiesel no óleo diesel, dos atuais 12% para 13%. Originalmente, o incremento estava previsto para iniciar somente em 10 de março de 2021.
O Ministério de Minas e Energia (MME) entendeu que, em um momento de incertezas sem precedentes pelo qual o Brasil passa, a antecipação do B13 poderia causar um pequeno aumento do preço do diesel ao consumidor e impactar o planejamento operacional das distribuidoras.
No entanto, o MME se comprometeu a continuar “monitorando o mercado de combustíveis e avaliando a promoção de ajustes que sejam necessários”.
O presidente da frente do biodiesel, deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS) avalia que pelo menos se consolidou o entendimento do MME quanto a viabilidade técnica de manter o cronograma vigente de ampliação do uso de biodiesel, com o B13 entrando em vigor ano que vem. O cronograma atual, prevê a elevação até o B15, em 2023.
“Há um conjunto macroeconômico do governo, não era uma decisão exclusiva do MME, é uma decisão de governo. Queríamos o B13 agora, pois provocaria ganhos econômicos, mas a decisão não nos cabe”, afirmou o deputado. Goergen também é autor de um projeto que fixa um cronograma para atingir 20% (B20) até 2028. Atualmente, o calendário é definido pelo CNPE e, eventualmente, pode ser alterado.
HVO eleva potencial do uso de biocombustíveis
A nova resolução para especificação do HVO começou a ser elaborada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em agosto de 2019. A agência entende que, com o RenovaBio, há uma tendência de entrada de novos biocombustíveis matriz energética brasileira. Também chamado de diesel verde, é o combustível obtido a partir do hidrotratamento de óleo vegetal (HVO, na sigla em inglês).
O que é o diesel verde?
Informações adaptadas da nota técnica Combustíveis renováveis para uso em motores do ciclo Diesel (.pdf), publicada em março de 2020, pela EPE.
Em regra, biodiesel é todo combustível derivado de biomassa renovável, como a soja. O diesel verde é, portanto, um tipo de biodiesel, mas obtido a a partir de outros processos de fabricação, como o hidrotratamento de óleo vegetal, o HVO.
Explica a EPE: “diesel verde é um combustível renovável, formado por uma mistura de hidrocarbonetos com composição química semelhante à do combustível fóssil” ou drop in, isto é, são equivalentes aos combustíveis de petróleo.
Já o que é comumente chamado de biodiesel – esse que vai na mistura obrigatório –, são os ésteres metílicos. Para manter a convenção, neste texto, são chamados de biodiesel.
O diesel verde pode ser obtido por diferentes processos. São eles:
HVO, sigla em inglês para hidrotratamento de óleo vegetal: é o combustível obtido da hidrogenação de óleos, que pode ser de soja, de palma ou, apesar do nome, gordura animal. Por esse processo, podem também ser fabricados combustível para aviação, bionafta e biopropano.Apresenta maior estabilidade de armazenamento, melhores propriedades de fluxo a frio e pode ser usado em motores a diesel sem os limites ou modificações de mistura exigidos pelo éster de ácidos graxos [o biodiesel convencional]
Fischer-Tropsch: é uma tecnologia para a produção de combustíveis sintéticos, amplamente utilizada na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo posteriormente aprimorada. Envolve a síntese química a partir de matérias-primas renováveis ou não, como biomassa (biomass-to-liquid, BTL), carvão (coal-to-liquid, CTL) e gás natural (gas-to-liquid, GTL). Para ser considerado diesel verde, é claro, precisa ser produzido a partir de biomassa renovável.
Fermentação: os processos fermentativos convertem material orgânico em diversos produtos, incluindo similares aos derivados de petróleo. Um exemplo é o uso da levedura Saccharomyces cerevisiae, utilizada para transformar o caldo de cana em etanol, durante o processo de fermentação nas usinas. Possibilita o uso desse microrganismo para produção de uma substância chamada farneseno, hidrocarboneto similar ao diesel – também é chamado de diesel de cana.
Oligomerização de álcool etílico ou isobutílico: para o caso dos biocombustíveis, o exemplo de oligomerização é a formação de combustíveis renováveis, de estrutura similar aos fósseis, a partir de álcool de cadeia curta. Esta rota é conhecida comercialmente como ATJ (alcohol to jet), usada na produção de diesel e querosene de aviação renováveis.
Fonte: EPBR - 04/06
Veja também
24 de Abril de 2024
Evento do MBCB destaca potencial da descarbonização da matriz energética brasileiraNotícias
24 de Abril de 2024
WD Agroindustrial promove intercâmbio cultural em aldeia indígena para celebrar o dia dos povos origináriosNotícias
24 de Abril de 2024
Raízen encerra safra 2023/24 com moagem recorde de 84,2 milhões de toneladasNotícias