09 de Julho de 2020
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Um vírus é outro motivo de preocupação para produtores de açúcar da Europa, que já enfrentam uma crise.
Ainda sob o impacto de preços historicamente baixos e atingidos por uma primavera seca que afetou beterrabas após o plantio, os agricultores agora têm que lidar com a propagação do chamado vírus do amarelo da beterraba.
Transmitida por pulgões, a doença poderia reduzir a produção de açúcar em até 25% na França e ainda mais na Alemanha se as condições não melhorarem.
O combate à doença tornou-se mais difícil desde que a União Europeia ampliou o veto em 2018 contra o uso de neonicotinoides – inseticidas que causam a morte de abelhas.
O problema ameaça diminuir a produção da UE pela terceira temporada, depois do colapso dos preços há alguns anos que reduziu as plantações e levou ao fechamento de algumas usinas.
“Está claro que esse será um grande problema na França, e a situação é bastante preocupante”, disse Timothe Masson, agrônomo da associação de produtores franceses CGB.
“Não podemos mais esperar produtividade média de cinco anos como antes. Mesmo que tenhamos bom clima em julho e agosto, isso não ajudará a beterraba afetada a voltar ao estado normal.”
A proibição de neonicotinoides e um inverno ameno aumentaram a presença de pulgões. Embora o impacto dependa da região e não se saiba o exato efeito sobre as plantações, existe o risco de que a produção de açúcar na França, o maior produtor da UE, possa cair 25%, para 3,3 milhões de toneladas na temporada que começa em outubro, disse Masson.
As perdas podem atingir até 30% na Alemanha e 50% na Bélgica, disseram as associações de produtores de beterraba VSZ e CBB.
“Esta é uma situação excepcional que não vemos em nosso país há 30 ou 40 anos”, disse Peter Haegeman, secretário-geral da associação belga CBB. “As consequências econômicas para produtores são drásticas. O clima seco contínuo já era um fator de risco importante”, disse, acrescentando que o vírus do amarelo da beterraba pode piorar as coisas.
Ainda assim, a menor produção não deve impactar significativamente o mercado global por causa da ampla oferta de países como Brasil e Índia, disse François Thaury, analista da consultoria Agritel, em Paris.
A Green Pool Commodity Specialists prevê superávit global de mais de 4,5 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2020-21.
Outro ano decepcionante para os agricultores europeus deve reduzir a área plantada no futuro, o que significaria menos beterrabas para processar e potencialmente mais fechamentos de usinas, disse Fred Zeller, diretor do grupo alemão VSZ.
A oferta mais apertada daqui para frente deve apoiar os preços da UE, de acordo com Thaury, da Agritel. Em maio, a Suedzucker, da Alemanha, disse que os preços da região devem subir no próximo ano devido ao déficit, enquanto a Nordzucker também espera uma melhora do mercado diante dos níveis insustentáveis.
Fonte: Money Times – 08/07
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