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Dona da trading Enerfo adquire controle da Tietê Agroindustrial

04 de Março de 2020

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O Grupo FKS, multinacional de agronegócios sediada em Cingapura, comprou 51% da Tietê Agroindustrial, que conta com duas usinas sucroalcooleiras no Brasil. O controle foi adquirido da gestora Proterra Investment Partners, que continuará com 49% de participação. A operação foi submetida na segunda-feira ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O valor da transação não foi divulgado nos documentos entregues ao órgão.

O escritório Mattos Filho assessorou o Proterra na operação. Procurados, FKS, Proterra e Mattos Filho não comentaram.

A FKS, que faturou US$ 1 bilhão em 2018, já atua no mercado de açúcar. Em comercialização, o grupo é dono da trading Enerfo, que compra e vende açúcar no Centro-Sul do Brasil. Na área industrial, a FKS tem duas refinarias, uma na Indonésia e uma na ilha de Java. O grupo ainda é sócio da francesa Tereos na Indonésia em uma joint venture que produz amido e xarope de milho, além de outros produtos de milho.

O grupo de Cingapura fechou a compra em 12 de fevereiro, através da sociedade de propósito específico (SPE) Ark Capital, que adquiriu 51% de ações detidas pelo fundo BR Brazil Agriculture 2 Investimentos Participações, gerido pela Proterra.

Agora, com as usinas de cana nos municípios de Paraíso e Ubarana, em São Paulo, o FKS entra no processo de produção de açúcar, com capacidade instalada conjunta atual para processar 7,2 milhões de toneladas de cana por safra.

E um aumento dessa capacidade já está contratado. No fim do ano passado, a Tietê anunciou o início de investimentos na ampliação de sua estrutura em um terço para conseguir moer 9,6 milhões de toneladas por safra. Os aportes planejados preveem também a construção de uma fábrica de açúcar em Ubarana, que deve ficar pronta em outubro.

A Proterra assumiu as usinas do Grupo Ruette na safra 2015/16 por meio de um repasse do fundo Black River, que na época tinha a Cargill como uma das cotistas. A compra por parte da Proterra foi acertada na época por R$ 830 milhões, somando valor em dinheiro e assunção de dívidas.

No período em que ficou sob gestão da americana, a Tietê passou por uma forte reestruturação operacional, que envolveu investimentos na área industrial e agrícola. Como resultado, em cerca de quatro anos a companhia duplicou sua capacidade de processamento e, na última safra, já estava quase sem ociosidade. A Tietê encerrou o ciclo passado (2018/19) com receita de R$ 517 milhões, aumento de 8% em duas safras. No mesmo período, sua dívida líquida foi reduzida em 20%, para R$ 242 milhões. Na safra passada, porém, em meio aos valores pressionados de açúcar, a empresa teve prejuízo de R$ 16,7 milhões.

 

Fonte: Valor Econômico -04/03

 

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