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ECB fecha venda de diesel ‘verde’ para a BP

15 de Janeiro de 2021

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O ECB Group, grupo que controla a BSBios, maior companhia de biodiesel do Brasil, fechou com a petroleira britânica BP o primeiro acordo comercial de venda de diesel e do querosene “verdes” (HVO e SPK). A produção será na fábrica que o grupo vai construir no Paraguai. O contrato envolve a entrega de 1 bilhão de litros de biocombustíveis por cinco anos, a partir de 2024, quando a unidade deverá entrar em operação.

A companhia de biocombustíveis do empresário gaúcho Erasmo Carlos Battistella não divulgou o valor do contrato. Pelos preços atuais, a venda para a BP deve assegurar uma receita de mais de US$ 1 bilhão para a Omega Green, unidade de negócio criada pelo ECB Group para gerir o projeto no Paraguai. Nos últimos 30 dias, o preço do HVO de óleo vegetal na Europa ficou em média US$ 1,09 o litro, conforme dados da consultoria de preços Argus Media.

A assinatura ocorreu no último dia 5. Em entrevista ao Valor, Battistella disse que o acordo atesta a viabilidade comercial desses biocombustíveis e, com isso, deve abrir portas para a atração de sócios para o Omega Green.

O empresário tem conversado com potenciais investidores desde o ano passado e espera que a comprovação da viabilidade comercial do projeto acelere as tratativas. “Já estamos em conversas avançadas com investidores globais”, afirmou. O ECB busca um sócio para apoiar no investimento da planta, estimado em US$ 800 milhões.

Battistella acredita que “nas próximas semanas” haverá anúncios de novos contratos de venda de HVO e SPK com outros clientes de porte global. “Devemos chegar a mais de 90% da capacidade comercializada”, disse.

O diesel e o querosene “verdes” são produzidos a partir da soja e têm a mesma molécula que os combustíveis produzidos a partir do petróleo. Com isso, eles podem ser utilizados tanto como mistura do diesel e querosene fósseis como diretamente nos tanques, sem mistura, dependendo das regulamentações de cada mercado.

Entre os mercados que aceitam o uso do diesel e do querosene verdes estão a União Europeia, o Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos. Na Europa, algumas petroleiras, entre elas a francesa Total e a italiana Eni, passaram a produzir HVO e SPK após converterem refinarias de petróleo.

Embora seja o maior mercado de diesel da América do Sul, com vendas de 57 bilhões de litros em 2019, o Brasil ainda não tem um marco regulatório para adotar o diesel verde em sua matriz energética. Em dezembro, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) constituiu um grupo de trabalho para elaborar até abril um plano de regulamentação da inserção do HVO no mercado brasileiro.

“Acreditamos que os biocombustíveis são a energia de transição para o transporte. Nossa estratégia de produção na América do Sul encontra parceiros muito sólidos. Ter uma BP no apoio ao projeto é um marco gigante”, diz Battistella.

O aporte na unidade da Omega Green espera não apenas a entrada de um sócio mas também uma estrutura de financiamento. O Santander e o banco de investimentos criado no ano passado por UBS e Banco do Brasil fazem a assessoria financeira do ECB nessa frente. 

Além do Omega Green, o ECB Group também tem avançado em biodiesel no Brasil. Em 2020, o grupo de Battistella concluiu a compra da fatia da Petrobras na BSBios por R$ 322 milhões (líquido de deduções de dívida e ajuste de preços). Parte do valor pago à estatal foi financiado com a emissão de debêntures estruturadas pelo Itaú e pelo BB. Com a transação, o ECB tornou-se o único controlador do negócio, após 15 anos de sociedade com a Petrobras.

Segundo o empresário, agora a companhia está estudando um novo planejamento estratégico para organizar os caminhos de seus negócios em biocombustíveis para os próximos dez anos.

 

Fonte:  Valor Econômico – 15/01

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