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Embrapa de olho na emissão de gases

05 de Julho de 2019

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O nome da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é praticamente obrigatório quando se discute meio ambiente, sustentabilidade e tecnologia. Referência internacional no ramo de pesquisa, desenvolvimento e inovação para atividades agrícolas, pecuárias, florestais e agroindustriais, a empresa tem entre suas apostas mais recentes a RenovaCalc.

 Trata-se de uma calculadora que analisa a emissão de carbonogases de efeito estufa, desenvolvida para o programa RenovaBio, do Governo Federal. O trabalho é coordenado pela Embrapa Meio Ambiente, mas também teve a participação de especialistas do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (antigo CTBE), do Agroicone e do prof. Joaquim Seabra da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp.

Agora para que você, leitor/leitora, entenda os impactos dessa iniciativa é preciso ir por partes. Já se perguntou sobre o processo, desde a produção até a chegada do seu combustível nos postos?

 A facilidade com a qual abastecemos nossos veículos pode camuflar ou simplesmente fazer com que nós, motoristas ou passageiros, não coloquemos à devida atenção em toda uma cadeia produtiva, especialmente quando o debate é sobre sustentabilidade de nosso Planeta e fontes de energia.

 Assim, pensemos que cada quilômetro rodado é também uma parcela na emissão de gases poluentes e, consequentemente, de dano ao meio ambiente. Eleve o nível e leve em conta que o volume de carros, comerciais leves (picapes e furgões), caminhões e ônibus em circulação no País, somente em 2018, chegaram a 43.371 milhões, segundo o Sindipeças. Ou seja: é fundamental o uso da tecnologia na redução da emissão de carbono. Concorda?

 Pois é aí que a RenovaCalc e o RenovaBio entram em cena. Instituído pela Lei nº 13.576/2017, o RenovaBio é um programa do Governo federal, pelo Ministério de Minas e Energia, cujo objetivo é expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, pontuando sua importância na redução das emissões de gases de efeito estufa. “O mais interessante é falar que não se trata de um tema apenas na área de transporte e combustível, estamos falando da biomassa na agricultura e de combustíveis alternativos em diversas frentes”, avalia o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi.

 “O RenovaBio é uma política pública que expressa muito bem o conceito de sustentabilidade, unindo os aspectos econômicos e ambientais dos biocombustíveis, o que trará importantes impactos sociais, com a descarbonização da matriz energética brasileira."

 Equipe planeja ampliar área de atuação

 Quando se trata da emissão de gases de carbono a pauta é também sobre efeito estufa, aquecimento global e mudanças climáticas. De acordo com o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (de 2016), se confirmado o cenário de aumento de 3° C até 2050, o Brasil Teria como impacto uma redução de até 50% na produção agrícola. Justamente em razão da vulnerabilidade natural dos setores agrícola e florestal que é preciso intervir agora.

 Os próximos passos da equipe RenovaCalc é estudar outras categorias de impactos, como a utilização dos recursos híbridos no País e na produção dos biocombustiveis e, semelhante ao carbono, podendo gerar créditos para as empresas mais eficientes em diversos setores.

 Sobre o projeto

 Além de um canal de diálogo mais próximo com o setor privado, o RenovaBio vai buscar sua atuação baseado em quatro eixos: discutir o papel dos biocombustíveis na matriz energética; desenvolvimento baseado nas sustentabilidades ambiental, econômica e financeira; regras decomercialização e atento aos novos biocombustíveis.

Ele busca fomentar, através de políticas públicas, o mercado de biocombustíveis, em coexistência harmônica com os combustíveis fósseis, e através de um estímulo à constante inovação, destacando a contribuição dos biocombustíveis para a segurança do abastecimento nacional de combustíveis, da preservação ambiental; debatendo até mesmo a importância da agregação de valor à biomassa brasileira.

 Meta é reduzir níveis em até 43% em 2030

 O projeto da RenovaCalc teve início em 2016. Após dois anos de estudo, entrou em fase de testes, em parceria com as agências certificadoras reguladoras e somente no ano passado foi oficialmente publicado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

 A ideia surgiu no final de 2015, quando autoridades de diversos países estiveram reunidos em Paris para traçar metas de redução na emissão dos gases poluentes – a chamada 21ª Conferência das Partes (COP 21) da UNFCCC (Acordo de Paris).

Entre os compromissos assumidos pelo Brasil, o RenovaBio o tem o objetivo de contribuir com uma queda de pelo menos 10% das emissões de gases de efeito estufa do transporte em dez anos até 2029.

 Após esse o encontro, e mesmo em acordos anteriores, o Brasil assumiu voluntariamente compromissos de redução de emissões, como os previstos no artigo 12 da Lei que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC (Lei n.o 12.187, de 29 de dezembro de 2009), de praticar ações para redução das emissões até 2020, entre 36,1% e 38,9%, deixando de emitir 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (t CO2 eq). Outra meta é reduzir em 80% a taxa de desmatamento na Amazônia e em 40% no Cerrado (redução de emissões de 669 milhões de tCO2 eq). Para 2030, a meta do País é reduzir em até 43% das emissões em relação aos níveis de 2005.

 “A agropecuária é forte aliada do Brasil e do Planeta no alcance das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e no cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo País”, destacam os pesquisadores da Embrapa.

Pensando nisso, a RenovaCalc funciona como uma ferramenta similar a uma calculadora, onde as empresas cadastradas no RenovaBio, interessadas em Créditos de Descarbonização (CBios), deverão detalhar aspectos agrícolas e industriais de seus produtos que resultam na emissão de carbono. A avaliação resulta em nota que, por sua vez, garante certificações. “A participação das usinas geradoras é voluntária, porém as distribuidoras são obrigadas por lei a fazer sua parte das descarbonização”, explica a pesquisadora Marília Folegatti.

Fonte: Correio Popular – 4/7

 

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