06 de Dezembro de 2018
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Mais uma má notícia para o enfrentamento das mudanças climáticas: nos últimos dois anos, a tendência das emissões globais tem sido ascendente. Entre 2014 e 2016 as emissões de gases-estufa se mantiveram quase estáveis, mas haviam crescido 1,6% em 2017. Em 2018 a estimativa é que cresçam novamente e cheguem a 2,7%.
Se a previsão se confirmar, as emissões originadas nas indústrias e na queima de combustíveis fósseis irão atingir um novo recorde de 37,1 bilhões de toneladas de CO2 ao ano.
A alta vem sendo puxada pela China, com crescimento de 5% nas emissões. O país representa 27% das emissões globais. Os Estados Unidos, o segundo maior emissor com uma fatia de 15% do total, deve registrar uma alta de 2,5%. A Índia, que responde por 7% das emissões globais, deve crescer 6,3% em 2018, usando mais carvão, mais petróleo e gás.
As emissões relacionadas a energia e transportes da União Europeia, reponsáveis por uma fatia próxima a 10% do global, declinaram um pouco (0,7%). É um desempenho mais tímido, contudo, em relação às quedas de 2% ao ano registradas no período 2010 a 2014.
Os dados são do Global Carbon Project, um projeto conduzido por 76 cientistas em 15 países, e divulgado em Katowice, onde ocorre desde domingo a conferência do clima das Nações Unidas, a CoP 24.
"O aumento das emissões de CO2 nos coloca em uma trajetória de aquecimento que atualmente está além dos 1,5°C", diz em nota à imprensa a pesquisadora Corinne Le Quéré, diretora do Centro Tyndall de Pesquisa sobre Mudança Climática da Universidade de East Anglia e uma das autoras do Global Carbon Budget.
"É um desempenho desastroso. Precisa mudar urgentemente", diz o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo e membro do IPCC, o painel de cientistas da ONU. Relatório recente do IPCC disse que o mundo deve evitar chegar a um aquecimento de 2°C até 2100 e tentar ficar em 1,5°C.
"Para isto, teríamos que ir reduzindo as emissões 5% ao ano desde agora, ate zerar as emissões em 2040. A partir daí teríamos que ter emissões negativas para manter o aumento médio dentro de 1.5°C", diz o cientista. A tecnologia ajudaria os países a emitirem menos do que a capacidade de absorção.
Na conferência do clima da Polônia, António Guterres, o secretário-geral da ONU disse: "Estamos em apuros. Estamos profundamente em apuros". Ele não se referiu ao dado divulgado ontem.
Valor Econômico - 06/12/2018
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