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Emprego na indústria sofreu abalos difíceis de superar

03 de Agosto de 2018

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A produção da indústria devolveu em junho, com uma pequena sobra, a queda da produção de maio, provocada pela greve dos caminhoneiros. Com o aumento de 13,1% no mês, feito o ajuste sazonal, a indústria ficou num nível levemente superior - 0,7% - àquele onde estava em abril, antes da greve dos caminhoneiros. Assim, o setor voltou ao ritmo de lento crescimento. Mas, no rastro desses meses atípicos, os indícios são de que o emprego industrial sofreu abalos mais difíceis de superar.

O forte resultado do junho deixou um carregamento estatístico de 4,3% para o terceiro trimestre. Assim, se nenhum aumento ocorrer entre julho e setembro, a indústria ainda terá uma alta relevante. E o período costuma ser melhor para o setor por causa das encomendas de fim de ano, se nada fora do normal acontecer.

Em que pese esses fatores relativamente positivos, a greve fez a indústria perder tempo e contribuiu para manter o setor patinando, sem conseguir ganhar força adicional. O nível alcançado em junho é o mesmo de dezembro de 2005, quase 13 anos atrás. No trimestre, houve queda relevante na produção, de 2,5% no segundo, ante o primeiro, feito o ajuste sazonal, o que joga contra o Produto Interno Bruto (PIB) do período. Nos três primeiros meses do ano, o desempenho já não tinha sido brilhante, alta de 0,3% ante o quarto trimestre de 2017. Na comparação anual, a alta de 3% no primeiro trimestre desacelerou para 1,7% no segundo.

Se é difícil mensurar o impacto da greve no emprego do setor é também verdade que os últimos dois meses não foram positivos nesse quesito. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que em maio a indústria interrompeu quatro meses seguidos de contratações formais e registrou um saldo negativo de 6,4 mil vagas. Em junho, o setor mandou para casa outros 20,470 mil empregados. A Pnad Contínua, do IBGE, que agrega formais e informais, informa que a criação de emprego do setor tem perdido força a cada trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Em recente balanço do primeiro semestre, a Abit, que reúne a indústria têxtil e de vestuário, informou que, se no primeiro trimestre o emprego crescia, no segundo houve demissões em abril (5 mil), maio (4 mil) e junho (6 mil). Os maus resultados do período fez a entidade reduzir as projeções de produção e vendas e também de emprego. Os 20 mil funcionários que essa indústria esperava contratar em 2018 viraram zero.

Sintomaticamente, nos últimos dias, duas instituições, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), se disseram preocupadas com o emprego industrial. Segundo a CNI, embora os indicadores de junho sejam em parte positivos - como aumento de faturamento - os dados do mercado de trabalho preocupam. A recuperação das horas trabalhadas - um indicador antecedente do emprego - e a utilização da capacidade instalada foram menores do que as quedas registradas em maio. A sondagem da FGV, por sua vez, mostrou aumento na proporção de empresas que podem demitir empregados nos próximos meses.

Fonte: Valor Econômico – 03/08/2018

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