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Empresa desenvolve tecnologia e cria açúcar com índice glicêmico mais baixo

24 de Agosto de 2018

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Um caso de falecimento por diabetes do tipo 2 na família foi o ponto de partida para que o médico David Kannar se debruçasse ainda mais em suas pesquisas sobre como obter um açúcar que não fosse tão nocivo à saúde. Após meses de estudo, o australiano acabou desenvolvendo uma tecnologia que permite fabricar o Nucane, considerado mais saudável para o consumo por ter menor índice glicêmico.

A tecnologia desenvolvida por Kannar permite que o açúcar não seja refinado e passe por menos etapas de processamento. O resultado é um produto com índice glicêmico (IG) de 55, bem inferior ao do açúcar mascavo (80) e ao do refinado (92), considerados “vilões” para a saúde. O IG determina a velocidade com que o carboidrato altera o nível de açúcar no sangue e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, um IG pode ser considerado baixo quando é menor ou igual a 55.

A Nutrition Innovation, empresa produtora do Nucane, alega ter feito testes que apontaram que o produto não provoca perdas no sabor dos alimentos adoçados com ele. Em algumas receitas, inclusive, teria havido uma percepção de maior dulçor, mesmo com uma redução de 10% na quantidade de açúcar adicionada. “O Nucane é uma opção para que a indústria alimentícia ofereça produtos mais saudáveis e com mais sabor”, diz Matthew Godfrey, CEO da Nutrition Innovation.

Disponível para o consumidor final apenas na Austrália, por meio da marca Sunshine Sugar, o Nucane começou a ser fabricado para exportação no Brasil há oito meses e a previsão dos executivos da Nutrition Innovation é de que o açúcar chegue às prateleiras dos supermercados até o fim de 2018, com preços para competir em pé de igualdade com outras marcas.

“Produzir o Nucane é barato e não há motivos para que ele seja vendido a preços elevados, como o açúcar de coco. Nós queremos que as pessoas continuem a comer o que elas sempre comeram. Os mesmos biscoitos, pães e cereais", diz Godfrey.

O Brasil é o segundo maior mercado de açúcar do mundo, com uma média de consumo por pessoa que gira em torno de 50 quilos ao ano. Dados do Ministério da Saúde apontam que entre 2007 e 2016 a obesidade teve um crescimento de 60% e a diabetes do tipo 1 e do tipo 2 tiveram um aumento de 61%. Atualmente, uma a cada três crianças tem sobrepeso e uma a cada cinco é obesa.

A chegada do Nucane ao Brasil é estratégica para a Nutrition Innovation, já que o país é líder de exportações no setor açucareiro. Segundo Godfrey, isso é muito importante para a expansão da marca em outros países. Nos próximos meses, a Malásia receberá a primeira remessa exportada do Nucane brasileiro.

Até o momento, o Grupo Virgulino de Oliveira (GVO), por meio da sua unidade de Catanduva (SP), é o único parceiro da Nutrition Innovation na produção do açúcar no Brasil. Há também negociações em andamento com uma usina do estado de Pernambuco, com o objetivo de atender o Nordeste com o produto.

Fonte: Revista Época – 24/08/2018

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