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Empresas levam agenda de sustentabilidade a candidatos

10 de Setembro de 2018

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Companhias associadas ao Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) - de setores como bancos, energia, petroquímica, mineração, beleza e cosméticos, alimentos, bebidas e fumo - fecharam uma agenda com dez propostas de desenvolvimento sustentável, inclusão socioeconômica e promoção da diversidade de raça e gênero, entre outras medidas, que vêm sendo encaminhadas ao presidenciáveis.

A ideia é que a execução do documento pelo futuro presidente da República seja acompanhada por um conselho ao longo dos quatro anos de mandato.

As ideias propostas serão debatidas, amanhã (11), no painel "Qual é o país que os nossos negócios estão construindo?", durante o Congresso Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável, no Teatro Santander, em São Paulo. Entre os participantes, estão presidentes-executivos e diretores das empresas associadas, além de representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de entidades associativas como a Febraban (federação dos bancos).

"A preocupação foi formular uma agenda de Estado possível de ser executada ao longo dos próximos quatro anos. É difícil não haver consenso em torno das propostas selecionadas, mas achamos que elas precisam ser melhor compreendidas pelos governantes. Por isso, escolhemos aquelas que são de interesse da maioria dos empresários do país", explica Marina Grossi, presidente do CEBDS.

Segundo Marina, discussões como a transição do Brasil para uma economia de baixo carbono, a preservação dos recursos naturais, o uso de energia renovável e a diversidade de raça e gênero no ambiente de trabalho - em empresas e repartições públicas - têm sido abordadas de forma superficial e generalista pelos candidatos à Presidência, em virtude de a sucessão estar marcada por uma forte polarização, em que as disputas acabam tomando mais espaço.

"Dar atenção a essas mudanças é importante porque eles trazem investimentos e recursos do exterior", diz ela. Marina Grossi afirma que o país está atrasado em temas que hoje são tendência global. "Não é assunto de ambientalista, é bom para a economia, fundamental para o desenvolvimento do país, para que se torne mais competitivo frente aos outros mercados", ressalta.

Marina diz que o Brasil vem sendo omisso na questão da precificação de carbono, mesmo com um enorme potencial para mudar os padrões de emissões de gases poluentes e do efeito estufa. "Temos biomassa, temos potencial. É preciso caminhar para uma economia de baixo carbono, e também não existe transparência no uso dos recursos."

As propostas do CEBDS foram construídas, segundo a organização, ao longo de meses no âmbito do conselho de líderes, que reúne presidentes das empresas associadas. A agenda já foi encaminhada aos candidatos ao Planalto Geraldo Alckmin (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Também estão na lista de endereçados os candidatos Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (até o momento, candidato a vice-presidente pelo PT) e João Amoêdo (que concorre à sucessão presidencial pelo partido Novo).

Entre as propostas, Marina Grossi dá ênfase à que defende diversidade, com maior exposição sobre a formação dos quadros profissionais em empresas. "Há pouca clareza sobre o papel da mulher na economia, por exemplo. Tampouco se sabe quantos negros existem numa empresa, em um órgão. Há acesso sobre salários, benefícios e quantitativos, mas muito pouco se sabe sobre a diversidade desses ambientes", afirma.

Para ela, para mudar as políticas, é preciso dar visibilidade a essas informações, porque, dessa forma, elas passam a incomodar quem tem poder de decisão. "É muito difícil eu entrar numa reunião hoje e ver um negro. Esse tipo de debate não pode ficar só no discurso. É preciso expor essa realidade", observa Marina.

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável destacará observadores que, no âmbito governamental, acompanharão a atenção dada às propostas. "O CEBDS já é parte de abordagem diferente, já que as ideias colocadas devem fechar em torno de pauta de grande relevância para todas as empresas do país, as que já contribuem hoje para as mudanças. Então é uma agenda que faz sentido do ponto de vista econômico", diz a presidente da entidade.

Fonte: Valor Econômico – 10/09/2018

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