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Fiat projeta motor (só) para etanol. Você compraria?

28 de Maio de 2019

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Com lançamento previsto dentro de quatro anos, os engenheiros da Fiat desenvolvem um novíssimo motor para queimar apenas o etanol, chamado pela fábrica de E4.

Seria o primeiro projeto específico para este combustível, pois, até hoje, tanto os carros da época do Pró-alcool (década de 80) como os flex atuais possuem motores projetados para gasolina e adaptados para o álcool puro ou para queimar os dois combustíveis. E, portanto, ficam devendo eficiência.

Para que um motor a etanol?

1. Motor flex é um “pato”

Em primeiro lugar, um motor a etanol libertar-se das “amarras” do motor flex. Como dizia o empresário Sergio Habib (Citroën/JAC), “o flex é como um pato, que nada, anda e voa, mas tudo mal feito”. Ou seja, o motor flex aceita os dois combustíveis, mas não tem a mesma eficiência do motor projetado especificamente para um deles.

Perde mais justamente o motor a etanol, que não pode ter uma taxa de compressão bem mais elevada por “respeito” à menor octanagem da gasolina.

Como a taxa de compressão deve ser elevada para aproveitar a alta octanagem do etanol, quando o motor queima gasolina, a central eletrônica tem que atrasar a ignição para evitar sua detonação. E o motor perde eficiência.

Por outro lado, como o uso da gasolina limita a taxa de compressão, os engenheiros não são “livres” para aumentá-la o necessário para se obter máxima eficiência térmica do etanol.

Por que o motor a combustão não presta? Clique aqui e entenda os motivos

2. Eficiência

Eliminar o “fantasma” do consumo mais elevado do etanol no motor flex. Mesmo que seu poder energético seja inferior ao da gasolina, poderia-se quase igualar a eficiência de ambos aproveitando-se sua maior octanagem. Com consumo semelhante, o motorista iria preferir abastecer com o etanol pois é mais barato que a gasolina. E inverter o quadro atual, pois vende-se no país 20% do derivado de cana, 80% do  petróleo.

3. Ecológico

O etanol é mais “limpo” nos dois sentidos: para o meio ambiente, pois não recolhe carbono no fundo do mar ou da terra (combustível fóssil) lançando-o na atmosfera pelo escapamento.

Nos motores, o que queima etanol permanece mais limpo devido à menor presença de carbono em sua composição: apenas 35% contra 83% da gasolina, reduzindo praticamente a zero a formação de depósitos carboníferos em seu interior.

Por isso não é necessário o etanol aditivado, mas deve-se acrescentar aditivos dispersantes/detergentes à gasolina.

Etanol aditivado traz algum benefício a mais para o veículo?

4. Futuro

Os derivados do petróleo para combustão em motores estão com os anos contados, por maiores que sejam suas reservas nas profundezas da terra e do mar. Ou seja, por ser limitado e nobre, considera-se um absurdo utilizá-lo em motores a combustão de ridícula eficiência térmica. Da energia contida num litro de gasolina ou diesel, há um desperdício acima de 50% com atrito e geração de calor.

O motor a etanol também tem baixa eficiência, mas não é um combustível tão nobre quanto a gasolina, mas renovável, gerador de empregos e que fixa o homem ao campo.

As emissões de CO2 do etanol são inferiores às da gasolina no balanço final, pois o que sai do escapamento é compensado pelo que é absorvido no campo durante o crescimento da cana.

5. Confiança

O programa Pró-alcool criado pelo governo no final da década de 70 foi um fiasco, pois quando estava em seu auge (final da década de 80) faltou etanol nos postos. O brasileiro passou a desconfiar do álcool e, na década de 90, a gasolina voltou a dominar até o lançamento, em 2003, do motor flex. Hoje o motorista não tem mais receio de faltar o etanol, possibilitando desenvolver motores específicos para o álcool.

6. Proconve

Entra em vigor em janeiro de 2022 uma nova fase da legislação que regulamenta as emissões veiculares, bem mais rigorosa. O motor a etanol se enquadraria como uma luva às exigências do Proconve L7.

Fonte: Jornal do Carro – 27/5

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