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Fiemg e Sinduscon temem os efeitos da energia mais cara

14 de Agosto de 2017

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A conta de luz já foi a vilã do IPCA em Belo Horizonte no mês passado. E a tendência, caso a Cemig perca as três usinas que o governo federal quer leiloar, é a inflação subir ainda mais, com impactos diretos na tarifa e indiretos na cadeia produtiva, já que energia é um insumo com alto peso nos custos industriais. A estatal e o governador Fernando Pimentel já avisaram que a conta residencial pode subir entre duas e três vezes, sem as hidrelétricas.

“Sem dúvida, teremos um efeito cascata, já que se a Cemig perder as usinas, será preciso comprar energia no mercado livre. E o aumento de custos será repassado, influenciando toda a cadeia. Isso afeta o mercado doméstico e as exportações, pois, com energia mais cara, perderemos competitividade”, lamenta o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior.

Ele defende o direito da Cemig renovar automaticamente as concessões, conforme prevê cláusula do contrato. “É questão séria, de segurança jurídica”, comenta Machado.

O vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Geraldo Jardim Linhares Júnior, concorda que, embora o peso da energia, enquanto insumo, não seja diretamente tão alto, qualquer aumento afeta toda a cadeia produtiva. “Na obra, o volume de energia usada não é tão grande. Mas para quem fabrica nossos insumos, como o aço, a energia pesa muito no custo. São indústrias eletrointensivas. Se elas vão gastar mais, repassarão para os preços”, justifica.

Linhares Júnior alerta que uma alta na tarifa de energia vai cair como uma bomba para a construção, pois, com a economia desaquecida, o setor não tem como repassar tudo e vai acabar absorvendo boa parte do aumento, esmagando a margem de lucro.

Atualmente, o custo do megawatt (MW)produzido pela Cemig gira em torno de R$ 40. Dos 7.000 MWs que a estatal gera, 2.542 MWs vem das três usinas que serão leiloadas: Jaguara, São Simão e Miranda, o que corresponde a cerca de 40%.

O analista técnico da ForGreen Energia, Lucas Gibran, explica que não é apenas Minas que sofrerá o reflexo de um possível aumento de preços da Cemig. “Se a empresa chegar no mercado livre de energia para comprar tudo isso de uma vez, os preços vão subir. Hoje, o custo do MW é de R$ 200 a R$ 250. Um impacto desses pode elevar para até R$ 350. Então, a pressão vai muito além do mercado mineiro, pois todo mundo que compra no mercado livre vai pagar mais caro”, explica.

Proposta. O governo espera arrecadar R$ 11 bilhões com as três usinas. A Cemig ofereceu o valor, que pode vir de um sócio estrangeiro. O Ministério do Planejamento diz que não vai desistir do leilão.

Fontes alternativa

 O analista técnico da consultoria ForGreen, Lucas Gibran, afirma que, diante do encarecimento da energia hidrelétrica, as energias alternativas como solar, eólica e biomassa passam a ser uma solução viável. “Um empreendedor que apostou em energia solar, por exemplo, está tranquilo agora”, avalia.

A Cemig assinou um contrato de concessão de 30 anos das usinas de Jaguara, São Simão e Miranda. Uma cláusula garantia a renovação automática por mais 30 anos. Mas, em 2012, a MP 579 mudou as regras: ou as empresas antecipavam as renovações, recebendo menos do que o combinado, ou o governo poderia leiloar as usinas. Na época, a Cemig não concordou e partiu para a Justiça. O leilão está marcado para 27 de setembro.

A Cemig pediu o cancelamento, que será julgado pelo STF no dia 22 de agosto. Enquanto isso, tenta um acordo com a União, que não está disposta a abrir mão porque precisa do dinheiro do leilão para fazer caixa.

(Fonte: O Tempo - 12/08/17)

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