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Fiesp traça cenário positivo para o campo

05 de Dezembro de 2016

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Depois de um ano difícil como 2016, marcado por problemas climáticos e turbulências permanentes nos fronts político e econômico, no país e no exterior, o agronegócio brasileiro deverá encontrar em 2017 uma estrada menos esburacada para retomar seu ritmo de avanço.

Mas o cenário que se desenha está longe de sugerir que será um desfile em tapete vermelho. Muitos dos problemas que tumultuaram o ano que vai chegando ao fim não estão resolvidos e certamente ainda pressionarão os resultados de diversas cadeias produtivas, e é grande o risco de que o setor seja punido pelo seu próprio sucesso, na forma de mais tributação e protecionismo comercial.

De maneira geral, o “Outlook Fiesp 2026: Projeções para o Agronegócio Brasileiro”, que será lançado hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, corrobora essa visão “cautelosamente otimista” para o ano que está por vir.

Mas o material preparado pela MB Agro, braço da consultoria MB Associados, identifica muitos obstáculos ao longo do caminho – desde os riscos derivados do fenômeno La Niña, até a eleição do ainda imprevisível Donald Trump à presidência dos Estados Unidos – passando pelas rachaduras na política nacional, que têm ajudado a retardar o resgate de uma economia que definha há mais de dois anos.

“Tivemos queda do PIB superior a 3% em 2015 e teremos outra em 2016, aumentou a relação entre dívida e PIB, a renda per capita recuou mais de 10%, o desemprego está na casa de 12% e a inflação está elevada. É claro que o agronegócio não passou incólume por esse cenário. Tivemos fortes quedas das vendas no segmento de insumos, o consumo de alimentos básicos diminuiu e, sobretudo no ano passado, houve escassez de crédito para o pré-custeio da safra 2015/16. Mesmo assim, o setor recuperou a confiança antes dos demais, os investimentos em tecnologia voltaram a crescer e as perspectivas são melhores”, diz Antonio Carlos Costa, gerente do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp.

Mario Sergio Cutait, diretor do Deagro, observa que a valorização do dólar em relação ao real gerou reflexos positivos para as cadeias exportadoras, já que compensou algumas quedas de preços, e influenciou a retomada da confiança. E lembra que uma das incógnitas de 2017 é justamente o câmbio, que refletirá, em boa medida, as políticas que serão adotadas pelo novo presidente americano no país e sua postura efetiva nas relações comerciais.

Alexandre Mendonça de Barros, que comanda a MB Agro, destaca o papel do câmbio para o desempenho dos segmentos de cana, café e laranja em 2016. “Mas, se 2016 marcou a melhora dos mercados de cana, laranja e café, deveremos observar em 2017 a reação do segmento de carnes, sobretudo no segundo semestre”. Em 2016, uma combinação poucas vezes vista afetou esse mercado no país: houve quedas do consumo per capita das três carnes (bovina, frango e suína). Em época de redução do poder de compra, normalmente ocorre migração do consumo da carne mais cara (bovina) para as outras duas.

Segundo Costa, outros desafios para o agronegócio no ano que vem serão resistir à tentação dos governos federal e estaduais de ampliar a tributação sobre as cadeias produtivas lucrativas, como a exportadora de grãos e a já citada eventual “onda protecionista” que pode ser gerada por Trump.

(Fonte: Jornal Valor Econômico – 05/12)

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