16 de Abril de 2020
Notícias
Minas Gerais, na safra 2019/20, colheu um volume recorde de cana-de-açúcar. De acordo os dados divulgados pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), a moagem totalizou 68,1 milhões de toneladas, volume 8% superior em relação à safra anterior, quando foram esmagadas 63 milhões de toneladas. Para a safra 2020/21, apesar dos números ainda não terem sido divulgados, a tendência é de superar a produção recorde, resultado do clima mais favorável e de investimentos feitos pelo setor.
Em relação ao mercado para os produtos, principalmente o etanol, as estimativas são pessimistas, devido à queda dos preços do petróleo – o que tem deixado os valores da gasolina mais competitivos – e do menor consumo de combustíveis, em função do isolamento social imposto para o enfrentamento do novo coronavírus. O setor já registra preços abaixo dos custos de produção e pede que o governo crie medidas para auxiliar os empresários.
Os dados da Siamig mostram que a produção de etanol total também foi recorde na safra 2019/20. O volume alcançou 3,6 bilhões de litros, ante os 3,2 bilhões de litros produzidos na safra 2018/19, o que representa uma quantidade 12,5% superior.
A produção de açúcar totalizou 3,1 milhões de toneladas, 3% acima da safra 2018/2019, quando foram fabricadas 3,06 milhões de toneladas em Minas Gerais.
O mix da safra 2019/20 foi mais alcooleiro, com 65% da produção de cana-de-açúcar destinada ao etanol, ante os 63% destinados da safra 2018/19.
Já os Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada de cana-de-açúcar (ATR/TC) fecharam praticamente estáveis em relação ao ano anterior, com 137,3 quilos, pequena redução de 0,4%.
Futuro preocupa – Em relação à safra atual (2020/21), a moagem já foi iniciada em várias usinas mineiras. A estimativa, em função do clima e da entrada de duas usinas na produção, é colher um volume maior que o da safra anterior. Porém, a preocupação do setor é grande em relação ao mercado para os produtos.
O presidente da Siamig, Mário Campos, explica que, apesar da tendência de um novo recorde produtivo, devido à pandemia do novo coronavírus o consumo de etanol sofreu uma forte queda, o que vem sendo agravado com a redução dos preços do petróleo no mercado internacional.
Ainda conforme Campos, até o fechamento do primeiro bimestre de 2020, a demanda em Minas Gerais pelo etanol hidratado estava 2% maior, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Até fevereiro, para o setor sucroenergético, a situação era mais favorável e a expectativa era muito boa para o ano.
“Sofremos um forte impacto negativo a partir da segunda quinzena de março e a perspectiva para abril é de continuidade do cenário desfavorável. Com o isolamento social, em algumas cidades o consumo do biocombustível já foi reduzido em 50%, 70% dependendo da cidade e da localização. Além disso, os preços da gasolina estão menores devido à queda da cotação do petróleo. Estamos entrando em safra e o preço recebido pelas usinas na venda do etanol (cerca de R$ 1,50 a R$ 1,60 por litro com impostos) não cobre os custos operacionais, o que é um desastre”, disse Campos.
Com a cana em ponto de colheita, a situação do setor é grave. Campos explica que não tem como adiar a moagem da cana e, por isso, o setor precisa que o governo ajude com a criação de medidas específicas, gerando condições dos empresários manterem a produção.
“Não tem como adiar a safra, nossa preocupação é grande e algo precisa ser feito. Quando se inicia a safra, as despesas são grandes, é preciso capital de giro. Com a demanda enfraquecida, a tendência, se colocarmos a produção no mercado, é de queda significativa do preço, por isso, é necessária a criação de uma linha de financiamento para a estocagem do etanol”, afirmou.
Fonte: Diário do Comércio - 16/04
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